Temer tenta frear debandada na Câmara antes de votação
Aliados dizem contar com 240 votos para barrar 2ª denúncia contra o presidente em plenário amanhã
Com uma planilha de apoiadores cerca de 20 votos mais magra do que na primeira denúncia, em agosto, o governo Michel Temer decidiu priorizar ontem e hoje as conversas com um grupo de 40 parlamentares para tentar evitar um resultado politicamente negativo amanhã, no plenário da Câmara.
Amanhã, a Câmara analisa a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República, que acusa o presidente e dois de seus ministros, Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil), de integrarem uma organização criminosa que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos.
Para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a apreciar o caso, é preciso o apoio de pelo menos 342 dos 513 deputados federais.
A primeira denúncia foi barrada com 263 deputados, mas agora esse número pode ficar abaixo da metade das cadeiras da Câmara (257).
Governistas diziam ter certo, até ontem à noite, 240 votos. A meta é conter a debandada de um grupo de aproximadamente 40 parlamentares que têm demonstrado insatisfação e cobrado benesses o Planalto.
PMDB, PR e PSD, que tinham fechado questão na primeira denúncia - ou seja, obrigado as bancadas a votar contra a denúncia, sob risco de punição -, não farão o mesmo agora.
Embora bem acima do apoio mínimo que Temer necessita (171), um resultado menor do que na primeira denúncia seria um péssimo sinal para os 14 meses que lhe restam de mandato, ocasião em que pretende aprovar medidas que necessitam do aval de pelo menos 60% do Congresso, como a reforma da Previdência.
Os 40 deputados alvo do Planalto integram, em sua maioria, partidos do chamado “centrão”, agrupamento de siglas médias e pequenas lideradas pelo PP, PSD, PR, PTB e PRB.
Os reclames desses deputados são, basicamente, liberação mais acelerada de verbas para obras em seus redutos eleitorais, efetivação de apadrinhados em cargos federais e outras demandas na máquina pública. Muitos deles cobram “faturas” da primeira denúncia que ainda não foram pagas.
Com o objetivo de elevar o apoio amanhã, Temer exonerou dez ministros para que eles retomem o mandato na Câmara, entre eles o articulador político do governo, Antonio Imbassahy (PSDBBA). Partidos do centrão pedem a cabeça do ministro, mas assessores ligados a Temer afirmam que Imbassahy fica no governo pelo menos até abril, prazo de desincompatibilização para as eleições de 2018.
Isso porque, o tucano tem servido de ponte para tentar amenizar os recentes atritos entre o Planalto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Por causa do desgaste de Imbassahy, a articulação está com Padilha.