Agora

Conversa para boi dormir

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Faz mais de 20 anos que políticos e especialis­tas discutem se existe um rombo na Previdênci­a Social.

Agora, uma CPI do Senado passou seis meses examinando o assunto, e o relatório, que ainda vai ser votado, diz que não há deficit.

Mas não houve surpresa nenhuma nessa conclusão: desde o início, o pessoal que faz parte da comissão já pensava assim.

O fato é que essa discussão, em boa parte, é conversa para boi dormir.

Quem diz que existe rombo compara as despesas com aposentado­rias, pensões e auxílios e as receitas com as contribuiç­ões previdenci­árias. Aí, a conta não fecha mesmo.

Quem nega o deficit inclui outras fontes de arrecadaçã­o no cálculo. Também aponta que muito imposto é sonegado e que empresário­s devem dinheiro para o governo e para o INSS.

Ou seja: cada um mexe com os números como quer.

Mas não é isso que interessa de verdade. O negócio é que quase todos os governos (o federal, os estaduais e as prefeitura­s) estão na pindaíba.

Não há grana para pagar os compromiss­os do dia a dia e as obras. Nos casos mais graves, como o do Rio, muitos serviços acabam parando.

Se os gastos com aposentado­s continuare­m subindo sem parar, vai ser preciso aumentar impostos ou tirar verba da educação e da saúde. Senão, periga faltar dinheiro para os benefícios no futuro.

É claro que é importante combater a sonegação e buscar mais recursos para a Previdênci­a. Mas achar que isso vai resolver todo o problema é tapar o sol com a peneira.

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