Justiça libera PM acusado por morte de turista na Rocinha
Decisão vale para a Justiça comum. Ele continua preso no quartel por ordem da Polícia Militar
Rio O juiz Juarez Costa de Andrade concedeu ontem liberdade provisória ao tenente da Polícia Militar Davi dos Santos Ribeiro, 30 anos, identificado como autor do disparo que matou a turista espanhola Maria Esperanza Ruiz Jimenez, 67 anos, anteontem, quando saia de um passeio turístico na favela da Rocinha, durante uma suposta abordagem policial.
O alvará de soltura expedido em audiência de custódia, no entanto, vale apenas para a Justiça comum. Como o oficial também é investigado na esfera militar e está preso em flagrante por determinação da Corregedoria da PM, Ribeiro continuará detido na unidade prisional da corporação, em Niterói.
O soldado Luís Eduardo de Noronha Rangel, que tam- bém estava na operação, também está preso no quartel, mas não foi indiciado pela Justiça comum.
Na decisão, o magistrado rejeita o pedido do Ministério Público do Estado, que, com base na investigação da Polícia Civil, havia pedido a conversão da prisão em flagrante para preventiva. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Fábio Cardoso, a turista espanhola foi vítima de um homicídio qualificado, isto é, sem chance de defesa. “Foi um tiro de fuzil, que acertou o pescoço da vítima por trás. Ele tangenciou pelo pescoço, foi um tiro de alta energia e que causou uma lesão muito grande.”
Para o juiz que presidiu a audiência de custódia, a soltura do PM se justifica pelo fato de que ele estava trabalhando no momento em que efetuou dois disparos contra o carro da vítima —ela, o irmão e a cunhada estavam retornando de um passeio turístico pela Rocinha quando houve a tentativa de abordagem policial. Além disso, o magistrado observou que o suspeito possui “imaculada ficha funcional”.
Ribeiro esteve na madrugada de ontem na sede da Divisão de Homicídios, mas optou por ficar em silêncio.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos PMs envolvidos.