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Torcida padrão Fifa

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Na cerimônia da Fifa que premiou os destaques da última temporada, chamou a atenção o curioso troféu dado à “melhor torcida”. A ideia é homenagear algum momento especial protagoniz­ado na arquibanca­da.

A do Celtic-ESC venceu por ter feito um mosaico em 360˚. Tudo muito bonito, mas nada diferente do que se vê em outros estádios europeus. Talvez fizesse mais sentido ter premiado os concorrent­es Copenhague, cujos jogadores e torcedores fizeram o troféu da Copa da Dinamarca chegar a um cadeirante no fundão, ou Borussia Dortmund —os fãs receberam rivais do Monaco em suas casas após uma explosão adiar o duelo entre os times.

Porém, a ideia de dar um prêmio à melhor torcida não me agrada. Primeiro, porque sempre será injusto. As emocionant­es homenagens das massas de Sport e Fluminense a Abel Braga, neste ano, e do Atlético Nacional (aliás, do mundo in- teiro) às vítimas Chapecoens­e, no ano passado, até foram lembradas, mas não entraram na “disputa”. Certamente, são gestos muito mais significat­ivos do que segurar papeis crepom.

Em segundo lugar, a festa semanal de torcidas como as de Corinthian­s, Flamengo, Boca, Galatasara­y, Milwall, Estrela Vermelha, Chivas, entre tantas outras, não podem ser ignoradas. Mas o fanatismo que, às vezes, descamba para a violência foge do padrão Fifa.

Além disso, nada impede que torcidas atrás de um minuto de fama comecem a provocar situações nos estádios como se fossem espontânea­s.

Se o objetivo é combater hooligans (e afins) e incentivar medidas como a inclusão, tudo bem. Mas o que acontece dentro de um estádio —imagino que a Fifa não faça ideia do barulho que torcidas como as de Ponte, XV, Lusa, Guarani etc. possam fazer— vale muito mais do que uma plaquinha.

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