Falta um driblador
O Corinthians tinha o título brasileiro em suas mãos, mas, pelo trágico returno que faz, tem a liderança ameaçada pelo maior rival, o Palmeiras. Muitos se perguntam o que deu errado no decorrer do torneio. Uma das coisas que o torcedor sente falta é de um driblador em campo. Talvez a solução esteja no banco de reservas, com Clayson, que vinha sendo considerado o talismã, e Pedrinho, garoto da base que tem qualidade individual. Ambos são rápidos e têm potencial para driblar, criar jogadas mais ousadas e fazer o alvinegro chegar com mais perigo ao gol adversário. Do contrário, o time de Carille fica sempre naquele mesmo esquema, tocando a bola na defesa. Por que não arriscar com ao menos um deles no time titular e ganhar mais qualidade para a reta final?
De nada adiantou a antecipação da concentração ou o bate-papo com os líderes da Gaviões da Fiel. No Moisés Lucarelli, o Corinthians cometeu os mesmos erros que o levaram a despencar no Campeonato Brasileiro, foi derrotado por 1 a 0 para a ameaçada Ponte Preta —que só havia vencido uma das nove partidas anteriores— e agora corre o risco de perder a liderança para o Palmeiras.
O atual campeão, que chegou a ficar 17 pontos atrás do alvinegro, diminuirá a diferença para três se bater o Cruzeiro hoje. E terá a possibilidade de tomar a ponta em Itaquera, no domingo.
A aproximação do maior rival certamente influenciou o Timão a apresentar futebol tão pobre em Campinas. Com toques infrutíferos no campo de defesa, o Corinthians cozinhou o primeiro tempo e criou duas chances esporádicas: uma em cruzamento de Fagner, em que Pablo atrapalhou Jô, e outra num chute de Gabriel no travessão de Aranha. Mais efetiva, a Ma- caca aproveitou falha de marcação do lado direito da defesa corintiana e abriu o placar com Lucca, de cabeça.
Nunca havia feito tanto sentido a máxima de que o Corinthians está perdendo o campeonato para si mesmo. O autor do gol que poderá tirar o heptacampeonato da equipe de Fábio Carille ainda pertence ao Timão e tem o retorno previsto para janeiro.
Em desvantagem, o líder do Brasileirão entrou em parafuso e começou a errar fundamentos simples. Arana pecou nos cruzamentos, Fagner atrapalhou-se em passes fáceis, Jadson estava descali- brado e Romero não acertou um drible (mesmo assim, só saiu aos 31min). O melhor do time foi Clayson, que substituiu Gabriel no intervalo. Está claro que a equipe precisa de jogadores mais incisivos como ele e Pedrinho.
Com a intenção de colocar a bola na área —mais na base do desespero do que organizadamente—, Carille sacou Maycon e botou Kazim. Pelo alto, o Timão até chegou, mas encontrou Aranha inspiradíssimo. Foram quatro ótimas defesas na etapa final. A última, aos 50min, selou o quarto jogo sem vitória da formação paulistana.