Movido pelo prazer
Brilhando no Tricolor, Hernanes retoma a alegria em jogar, se cura de dores crônicas e sonha com a Copa
A recuperação do São Paulo no Brasileirão se deve muito a Hernanes. Na sua segunda passagem no Tricolor, o meia soma oito gols em 15 jogos, além de três assistências, sendo duas contra o Santos.
Em entrevista ao Agora, o Profeta revela que está se sentindo muito bem e feliz. Quando chegou, em julho, ele tinha dores na parte posterior das duas coxas. Hoje, elas sumiram e ele desfruta de um ótimo momento na carreira. “Eu estou começando a sentir prazer no futebol agora. Sempre fiz muita força para poder jogar em alto nível. Há três maneiras de você encarar seu trabalho: com amadorismo, com profissionalismo e com paixão. Neste momento, sou apaixonado”, ressalta.
A menos de oito meses para a Copa do Mundo da Rússia, Hernanes espera chamar a atenção do técnico Tite e ganhar uma oportunidade.
“Tenho só dois objetivos agora: terminar esse Brasileiro bem, em dezembro, e tentar até o último momento uma vaga para a Copa. Acredito que uns 13, 14 jogadores já estão garantidos, se correr tudo bem. O resto, ainda não”, comenta. Agora O São Paulo precisava mais do Hernanes ou o Hernanes precisava mais do São Paulo? Hernanes Acho que as duas coisas. Desde julho de 2016, quando eu me apresentei na Juventus para a pré-temporada, eu sentia dores na parte de trás das duas pernas. Fui para a China e aquela dor me incomodava muito. Eu pensei: “Será que é a idade já?” (risos). Cheguei aqui, fizeram uns testes e disseram que eu estava com um deficit de força. Fiz alguns exercícios específicos e a dor desapareceu. Eles souberam identificar e corrigir a disfunção. Então, eu precisava do São Paulo também. Agora Imaginava que teria números tão bons já? São oito gols em 15 jogos... Hernanes Não imaginava. Eu não coloquei nenhum objetivo de fazer tantos gols, aconteceu naturalmente devido a eu realmente estar consciente das minhas qualidades e aproveitando da melhor forma possível. A China foi importante porque eu pensei: “Só me faltam mais uns cinco, sete anos, se tudo der certo, para continuar jogando. Daqui para frente, quero aproveitar aquilo que de melhor eu sei fazer”. Não vou ser radical e dizer que não jogo, mas vou fazer de tudo e deixar claro para o treinador que minha posição é aquela, onde eu rendo melhor. E minha qualidade maior é finalização, chutar para o gol, fazer jogadas ofensivas. Vou, daqui para frente, utilizar isso aqui. Agora Seu contrato de empréstimo termina em julho. Ainda está cedo, mas você quer continuar no Tricolor? Hernanes Tenho só dois objetivos agora: terminar esse Brasileiro bem, em dezembro, com a consciência de que colocamos o São Paulo em uma situação de estabilidade, longe desse caos que a gente passou, e tentar até o último momento uma vaga para a Copa do Mundo. Depois eu repenso a minha vida. Mas meus objetivos são bem claros. O que vier será consequência do que estou fazendo aqui no momento. Agora Você disse que queria voltar a jogar em alto nível. Já se sente assim? Hernanes O mais importante é manter o nível de atuação, porque a minha função é dar suporte ao ataque, com passes, finalizações e assistências. Mas, ao mesmo tempo, ajudar na fase de construção das jogadas, na organização, e não é simples. Requer muita concentração, energia. Eu olho as estatísticas e tenho errado pouco, isso está sendo legal. Não tenho tomado dribles, estou muito concentrado. Se conseguir manter essa consistência, a tendência é melhorar a cada jogo, vão aparecendo coisas novas. Agora A torcida já sonha com uma parceria entre Hernanes e Kaká no ano que vem. O que você acha disso? Hernanes Seria possível, se ele viesse seria muito bacana. Jogamos poucas vezes, só na seleção jogamos juntos, uma, duas vezes. Ele é um grande jogador, uma grande pessoa, um grande profissional. Seria um prazer e muito bom para nós, para o grupo e para o torcedor. Agora Você disse que tem mais cinco a sete anos em atividade. O Kaká, três anos mais velho que você, disse que não tem mais tanto prazer em jogar. E você? Hernanes Para mim é o contrário. Estou começando a sentir prazer no futebol agora. Sempre fiz muita força para ser o jogador que eu queria, fazer aquilo que eu acreditava. Sempre foi com muita labuta, muito trabalho, muito sofrimento. Hoje, não. Descobri o que eu preciso fazer, o que não posso fazer. Hoje começo realmente a sentir muito prazer em jogar futebol, não é só profissão.