Cultura negra
O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro, mas a agenda do mês inteiro já está tomada de atrações por toda a cidade. A Caixa Cultural São Paulo, na Sé, tem duas exposições dedicadas à data e diversas oficinas e sessões de contação de história (veja ao lado). Há ainda outras atrações que promovem a reflexão e a valorização da cultura em outros pontos da cidade.
Um dos destaques é a exposição de arte “Negros Indícios”, com vídeos, fotos e performances de artistas negros de diversas gerações, já em cartaz na Caixa Cultural. “Durante meus estudos sobre a arte e a relação entre Brasil e África, fui percebendo como cresceu o número de artistas afrodescendentes que usam o próprio corpo como meio de expressão em forma de fotos, vídeos e outras mídias”, explica Roberto Conduru, curador da mostra.
Há trabalhos de artistas já reconhecidos, como Ayrson Heráclito, que teve sua arte exposta na Bienal de Veneza, na Itália, neste ano, e jovens artistas, como Priscila Rezende. “Muitos dessa exposição não estão falando sobre a questão racial, mas tratando de temas importantes no mundo atual, como a questão da mulher e de gêneros”, explica o curador.
Performances (espetáculo ao vivo) acontecerão nos dias 18 e 19, à tarde. “É muito interessante que as pessoas possam presenciar esse momento para ver e entender as propostas desses artistas. A exposição tem também textos de cada um deles dando a sua visão sobre o que é uma performance”, explica Conduru.
Outra exposição que ocorre ao mesmo tempo na Caixa Cultural é “(Re)Conhecendo a Amazônia: Povos, Costumes e Influências Negras na Floresta”, que reúne trabalhos da fotógrafa paulista Marcela Bonfim. Um dos destaques é a foto “Mãe Negra Amamenta”. O trabalho de Marcela faz um retrato da população negra amazônica. Um debate com a presença da fotógrafa acontece no dia 11 de novembro, a partir das 11h, também na Caixa.
É fundamental celebrar o feriado, mas há outros pontos importantes, segundo a artista de dança Kanzelumuka. “Por meio dessas atrações culturais, lembramos de toda a herança africana que influenciou a cultura brasileira. Mas novembro é só um ponto de partida para que a gente não se esqueça disso nos outros dias do ano, já que nós, artistas, trabalhamos todos os meses”, declara.
João Nascimento, diretor da Cia. Terra Treme, concorda e vai além. “O Brasil sofre com o racismo, portanto, a segregação está em todos as áreas, na educação, nas empresas e também na arte”, opina.