Salário mínimo deve ficar abaixo da inflação
Temer quer reduzir a correção do piso pelo segundo ano para descontar valor pago a mais por Dilma
O salário mínimo vai ficar ainda menor em 2018, com uma correção abaixo da inflação pelo segundo ano seguido, segundo dados do Ministério do Planejamento.
A partir de janeiro, o piso nacional vai passar dos atuais R$ 937 para R$ 965. O acréscimo é de 2,99%, abaixo da inflação de 3,1% esperada para 2017.
Pela regra de reajuste do salário mínimo, o piso nacional deve ser corrigido pela inflação do ano anterior mais o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes. Quando o PIB não cresce, aplica-se apenas a correção da inflação.
Na prática, o governo vai reduzir em R$ 1 a renda de quem ganha o mínimo. Se o governo aplicasse a inflação prevista para este ano, o salário mínimo de 2018 deveria ficar em R$ 966,05. Com o arredondamento que geralmente é feito, o piso cairia para R$ 966. No entanto, no anúncio desta semana, o governo afirmou que aumentará o piso para R$ 965, ou seja, R$ 1 a menos.
A equipe do presidente Michel Temer (PMDB) diz que o desconto ocorrerá para compensar a correção acima da inflação aplicada entre 2015 e 2016, ainda durante a gestão de Dilma Rousseff (PT).
Ajuste
No final do ano passado, a equipe econômica de Temer ajustou o piso nacional em 6,48%, abaixo dos 6,74% previstos para o fechamento do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 2016 e também abaixo da inflação final medida pelo IBGE, que ficou em 6,58%.
O agravamento da crise interrompeu a sequência de 13 anos de reajustes do salário mínimo acima da inflação.