Agora

Não acredito mais em você

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“Oh, sim, eu estou tão cansado... mas não pra dizer que eu não acredito mais em você.” Esses versos da canção “Vapor Barato”, de Jards Macalé e Waly Salomão, imortaliza­da por Gal Costa em 1971, não me saem da cabeça. Singelamen­te, eu a dedico à diretoria corintiana.

Não poderia haver atitude mais estúpida do que a dos cartolas alvinegros virem a público assegurar a permanênci­a de Carille em 2018, mesmo se o Corinthian­s for derrotado pelo Palmeiras no domingo e o time perder o título mais ganho da história.

A palavra desses caras vale tanto quanto uma nota de três reais. Ou será que eles pensam que a gente não tem memória? No Brasileiro do ano passado, exatamente antes do Dérbi em Itaquera, o presidente Roberto de Andrade declarou que Cristóvão Borges ficaria, no mínimo, até o fim do ano. Como se sabe, após a derrota por 2 a 0 para o maior rival, o técnico acabou demitido no vestiário.

Eu estava lá e vi, com esses olhos que a terra há de comer, o presidente “garantir” que o então interino Carille terminaria a temporada no cargo e só no ano seguinte um novo treinador seria contratado. Porém, 27 dias depois, Oswaldo de Oliveira foi anunciado como novo comandante.

O fato é que o futebol dá voltas incríveis. Até anteontem, Carille era celebrado como novo estrategis­ta, cantado em verso e prosa por todo mundo. Porém, com a queda do time no segundo turno, se vê seriamente ameaçado.

Há uma linha tênue. Se o Corinthian­s reagir e confirmar o título, Carille terminará o ano consagrado, com as conquistas do Paulista e do Brasileiro. Mas se deixar a taça lhe escapar por entre os dedos, ainda por cima para o maior rival, será excomungad­o. Por mais injusto que possa ser. O futebol é o maior celeiro de mentiras e ilusões. Sem contar Brasília, evidenteme­nte, hors-concours.

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