Agora

Escravidão muito bem paga

-

Às vezes quem está acostumado a ganhar muito bem perde a noção da realidade do país.

Parece que isso aconteceu com a ministra Luislinda Valois, dos Direitos Humanos. Ela pediu para acumular o salário de R$ 30,9 mil e a aposentado­ria de desembarga­dora, de R$ 30,5 mil. Ou seja, queria receber R$ 61,4 mil por mês.

Mas não ficou por aí. A ministra, que hoje recebe o teto do funcionali­smo público (R$ 33,8 mil), disse que sua situação parece trabalho escravo.

Isso num país onde a renda média dos trabalhado­res é de R$ 2.115.

Deixando de lado a declaração sem pé nem cabeça, o caso da ministra está longe de ser exceção no serviço público brasileiro.

Um monte de gente arranja todo tipo de desculpa para receber acima do máximo permitido. Isso é mais comum no Judiciário e no Ministério Público.

Basta dizer que, na média, cada magistrado recebeu R$ 47,7 mil por mês no ano passado.

É claro que profission­ais qualificad­os e que têm muitas responsabi­lidades devem ganhar bem.

Só que é preciso levar em conta também a renda do país e as contas do governo. No Brasil, a diferença entre os salários dos servidores de elite e os dos demais trabalhado­res é exagerada.

Na pindaíba em que estamos, faltando grana para a educação e a saúde, o jeito é fazer o que é mais importante. Quem precisa mais deve ter prioridade.

Os funcionári­os mais importante­s deveriam dar o exemplo. O problema é que ninguém quer largar o osso.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil