Opositor na Venezuela pede sanções contra os chavistas
Prefeito que fugiu para o Brasil defende que América Latina asfixie as finanças do regime venezuelano
O prefeito oposicionista David Smolansky, 32 anos, deixou a Venezuela após a Justiça decretar sua prisão por não impedir protestos contra o ditador Nicolás Maduro em El Hatillo, um dos cinco municípios que formam Caracas.
A ordem saiu após ele ter sido uma das principais vozes de seu partido, o Vontade Popular (direita), a chamar os manifestantes às ruas.
“Todos nós que pensamos diferente de Maduro temos uma senha para esperar quando eles vão passar a guilhotina. A minha saiu em 9 de agosto”, disse.
Ele ficou quatro semanas se esquivando do regime até decidir sair. Com portos fechados para permitir a chegada às ilhas do Caribe e o grande fluxo na divisa com a Colômbia, escolheu o Brasil.
Para a fuga, disfarçou-se tirando a barba que usava há dez anos e pôs óculos. Passou por 35 pontos de controle até conseguir entrar ilegalmente em Roraima em 14 de setembro.
Smolansky diz que, antes da viagem, contatou diplomatas brasileiros. Procurado, o Itamaraty não quis revelar com quem o venezuelano fez as tratativas.
Em Brasília, recebeu oferta de refúgio do chanceler Aloysio Nunes, mas quer ir a Washington, nos EUA. “Por lá tenho mais facilidade de contribuir para o meu país.”
Ele passou o último mês e meio conversando com líderes internacionais, como o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, o expremiê britânico Tony Blair e o ex-presidente e Fernando Henrique Cardoso.
Assim como a maioria da oposição, o prefeito considera que só um motim das Forças Armadas derruba o regime de Maduro, que chama de “um narcopetroestado administrado por militares”.
“Hoje o regime da Venezuela controla o negócio lícito mais importante do mundo, mas também supostamente controla o negócio ilícito mais importante do mundo. É algo sem precedentes”, afirmou.