Bolsonaro e Marina podem ter menos TV que Enéas
Projeção mostra candidatos ao Palácio do Planalto com aproximadamente 10s de propaganda
Na primeira eleição presidencial direta após o fim da ditadura militar, em 1989, um candidato calvo e com espessa barba negra se notabilizou ao aparecer diariamente na propaganda da TV com um discurso acelerado e invariavelmente encerrado com o bordão “meu nome é Enééééas”!
Daqui a alguns meses, importantes concorrentes ao Palácio do Planalto podem reviver os apuros enfrentados por Enéas Carneiro há quase 30 anos.
Disputando o segundo lugar nas pesquisas, Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSC) —que negocia ingresso no PEN— poderão bater uma espécie de recorde caso não formalizem alianças.
Em 1989, Enéas tinha 15 segundos a cada bloco. Pro- jeção para o tempo a ser distribuído entre os candidatos em 2018 mostra Marina com 12,8 segundos e Bolsonaro com 10 segundos em cada bloco —um à tarde e outro à noite, nas terças, quintas e sábados dos 37 dias que antecedem o 1º turno.
Regras
A divisão do tempo de TV obedece a duas regras: 90% são proporcionais à bancada de deputados federais eleita pelos partidos e 10% são distribuídos igualitariamente entre os candidatos.
A projeção feita pela reportagem considerou na projeção dez candidaturas presidenciais —uma variação para mais ou para menos resultará em alterações mínimas no cálculo.
A propaganda será de 31 de agosto a 4 de outubro de 2018 —a eleição é no dia 7— e se divide em dois blocos de 12m30seg, um à tarde e o outro à noite, além de inserções com 30 segundos ou com 1 minuto em intervalos.
As inserções são consideradas importantes pois pegam o eleitor “de surpresa”, incluindo aquele que se recusa a ver o horário eleitoral, e a regra de divisão é a mesma.
Marina e Bolsonaro terão direito a uma inserção de 30 segundos a cada dois dias.
A única saída para contornar essa situação é a coligação com outras legendas, que agregam tempo de TV.
Nas sete eleições após a ditadura, em quatro foram eleitos os que tiveram maior tempo de propaganda— Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998, e Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.
Em duas, aqueles com o segundo maior (Lula, em 2002 e 2006). Em 1989 houve o único resultado fora da curva. Ulysses Guimarães (PMDB) tinha o maior tempo, mas acabou em sétimo.
Um discurso comum dos pré-candidatos, porém, é o de que a televisão tem importância decrescente em decorrência da popularização das redes sociais. Projeções para a divisão do horário eleitoral em 2018 Lula** (PT) ou outro petista Marina Silva (Rede) Jair Bolsonaro (PEN***) Alckmin (PSDB) ou Doria Ciro Gomes (PDT) Alvaro Dias (Podemos) Henrique Meirelles (PSD) Candidato do PSOL**** João Amoêdo (Novo) Candidato do DEM*****