Denúncias somam 15.595 em 2017
A aposentada Edda Leonor Sansoni, 85 anos, está processando uma associação que a enganou. Em 2013, ela recebeu uma correspondência com instruções para dar entrada em um processo que supostamente serviria para aumentar o benefício que recebe do INSS.
“No lugar indicado na carta, me disseram que eu teria que pagar R$ 1.000 para um perito e também assinei uma procuração. Eu não sabia, mas estava ficando sócia de um clube de luxo que a associação tinha.” A cobrança pela sociedade só veio dois anos depois: R$ 3.000.
Edda é uma das centenas de aposentados que, mensalmente, procuram o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados) para pedir ajuda em casos desse tipo. A Fundação ProconSP (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) também é acionada, mas com menor frequência. Neste ano, foram 379 reclamações até o último dia 21. Em 2016, foram mais de 700 só no primeiro trimestre. De acordo com o órgão, a queda se deve aos esforços que estão sendo feitos para barrar as fraudes.
Mas a cilada da revisão da aposentadoria não é a única de que idosos são alvo. Francisco Pereira de Matos, 67 anos, foi vítima de um golpe dentro de uma agência bancária. Ao consultar o saldo de um benefício que tinha para receber, foi abordado por um suposto atendente do banco, que o viu digitando a senha no caixa. “Ele se apresentou como funcionário e trocou o meu cartão sem eu ver. Só percebi seis meses depois, quando vi que tinham feito vários saques na minha con-
O Disque 100, serviço gratuito do Ministério dos Direitos Humanos, recebeu, até 4 de outubro deste ano, 15.595 denúncias de golpes e abusos contra idosos ta”. Foram sacados cerca de R$ 9.000. O aposentado registrou boletim de ocorrência e foi ressarcido pelo banco.
Quem também recorreu à polícia ao perceber que tinha caído em um golpe foi a aposentada Aparecida Giraldi —3.219 na capital paulista.
Os relatos são de vários tipos, como negligência e violência, mas abuso financeiro, incluindo estelionato, é uma das queixas mais comuns. Bueno, 72 anos, que recebeu uma ligação de falso sequestro. “Telefonaram e falaram que iam matar minha filha se eu não arrumasse R$ 25 mil.” Ela percebeu a enrascada quando viu que o depósito era para outro Estado.
Desde janeiro, está em vigor lei que prevê punição mais severa a quem aplica golpes em pessoas acima de 60 anos. A pena pode chegar a dez anos de prisão.