Governo Temer insiste em mudar Previdência
Ministros da equipe econômica prometem não recuar; senadores tentam aprovar uma proposta mais enxuta
Um dia depois de o presidente Michel Temer (PMDB) admitir dificuldades para aprovar a reforma da Previdência, ministros da equipe econômica recolocaram o tema no centro das discussões.
“Não podemos entrar em 2019 sem a reforma”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Segundo ele, o governo “está mantendo firme a sua posição”. O objetivo inicial era aprovar a reforma ainda em 2017, mas o projeto está paralisado desde 29 de junho, quando a Câmara recebeu do Supremo Tribunal Federal a primeira denúncia contra Temer. Isso contribuiu para dispersar o apoio da base aliada.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que não vai recuar. “(A frase de Temer) reconheceu uma realidade. É um processo controverso em qualquer lugar do mundo. Não há país em que foi aprovada a reforma da Previdência sem dificuldade.” Para ele, não é questão de escolha, mas fiscal.
Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou não ver tanto “pessimismo” na fala de Temer, e cobrou diálogo. “O governo precisa chamar seus líderes, os presidentes dos partidos, e tentar mais uma conversa mostrando qual o impacto da não realização da reforma já em 2018”, declarou Maia.
Ontem, em encontro com Temer, senadores defenderam que o governo envie ao Congresso um novo projeto para reforma. Temer recebeu lideranças de partidos da base aliada e ouviu posição unânime de que não há chances de aprovar a reforma no formato atual. Governistas defenderam proposta mais enxuta, que mantenha pelo menos a idade mínima.
Eles lembraram que, se aprovada neste ano na Câmara, será apreciada no Senado só em março, meses antes do início da campanha eleitoral. O líder do PSDB, Paulo Bauer (SC), chegou a propor que as mudanças sejam válidas só a quem não entrou no mercado.