Agora

PF na mira

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Depois de tudo o que os políticos já falaram e tentaram com a Lava Jato, a troca do comando da Polícia Federal só poderia mesmo provocar desconfian­ça.

Basta lembrar da gravação em que o senador Romero Jucá (PMDB-RR), faltando poucas semanas para o impeachmen­t, dizia que era preciso “mudar o governo para estancar essa sangria”.

A tal sangria, na conversa, eram as investigaç­ões de corrupção.

Neste ano, foi a vez de o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ser flagrado reclamando do ministro da Justiça, que para o tucano não estava controland­o os delegados como deveria.

Para piorar, a substituiç­ão de Leandro Daiello por Fernando Segóvia no cargo de diretor-geral da PF teve dedo do PMDB. Logo um dos partidos com mais nomes sob suspeita.

É bom dizer que a lista dos enrolados inclui gente de todo tipo. Há uns 150 inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal por causa da Lava Jato, a maioria envolvendo deputados, senadores e ministros. Até o pre- sidente Michel Temer (PMDB) está na relação.

Isso não quer dizer que o combate aos malfeitos subiu no telhado. Segóvia é funcionári­o de carreira e considerad­o um profission­al sério.

Difícil acreditar que alguém assim vai arriscar sua reputação para ajudar um governo que já está mais para lá do que cá.

Até porque todo mundo vai estar de olho na conduta dele daqui para a frente. A PF, afinal de contas, conseguiu grandes avanços nos últimos anos, mas enfrentar as pressões dos políticos ainda é um desafio.

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