Crianças se arriscam entre carros para vender balas na marginal
Nos horários de pico, as crianças aproveitam o trânsito parado para vender balas aos motoristas. O dinheiro é rateado entre as famílias para comprar mantimentos, mas o que mais sai das janelas dos carros é comida.
No fim da tarde da última quarta-feira, um dos filhos de Rosenira, de 8 anos, se escondeu atrás da barraca para comer um misto-quen- te e tomar uma lata de guaraná que havia acabado de ganhar de uma motorista.
O lanche provocou disputa entre as outras crianças, que negociaram a ordem de quem ia morder o sanduíche e dar goles no refrigerante.
Algum tempo depois, uma prima dele, de 12 anos, voltou do meio dos carros da marginal com um pedaço de paçoca embrulhado em um plástico. Mais uma discussão se formou entre eles.
As crianças são orientadas a tomar cuidado com carros e, para evitar que brinquem rente à calçada, os adultos improvisaram dois balanços com pneus e cordas que ficam pendurados em árvores.
O cuidado, porém, não evitou que uma delas tivesse, recentemente, o pé machucado após ter sido atingi- da por uma moto que passava entre os carros, enquanto ela pedia dinheiro no trânsito. “Fiquei desesperado, mas não foi nada grave”, diz o carroceiro Alexandre Silva.
No acampamento, a família toma conta do jabuti de estimação, que, ao contrário da gata da família, não pode ficar sozinho no barraco. O bicho fica solto e, às vezes, “corre” para a marginal.