‘Temi muito mesmo pela queda à Série B’
Quem vê o semblante mais tranquilo de Dorival Júnior, de 55 anos, nesta reta final do Brasileiro pode não acreditar, mas ele admite que temeu, e muito, pelo rebaixamento do Tricolor à Série B.
O retrospecto da equipe dá razão ao comandante. Desde que assumiu o cargo em 10 de julho, Dorival conviveu 12 rodadas com o clube entre os quatro piores da competição. “Muito. Muito mesmo. Porque você via o trabalho, a gente ganhava uma rodada, e quando terminavam os jogos, não subíamos na tabela”, disse o técnico, que não vive uma sensação de alívio absoluto, mas está próximo.
Com uma vitória, a equipe chegará aos 47 pontos —pontuação considerada ideal para ficar na elite.
Se a reação do São Paulo deixa Dorival satisfeito, ainda há o que o incomode no Brasileiro e no futebol nacional como um todo. Nesta entrevista, o técnico fez duras críticas à falta de organização e ao estilo e nível de jogo que tem visto.
“Após o 7 a 1, era para a gente repensar a reestruturação do futebol brasileiro. Se os resultados não acontecessem, continuaríamos capengando. Estamos acomodados novamente porque a seleção está dando resultados. Nosso futebol continua andando para trás.”
O São Paulo passou 14 rodadas na zona de rebaixamento. Em algum momento, temeu pela queda ? Dorival Júnior Muito. Muito mesmo. Porque a gente ganhava uma rodada, você via o trabalho e, quando termi- navam os jogos, não subíamos na tabela. A gente pedalava, mas não saía do lugar. Quando você é envolvido pelo adversário, joga mal ou está inferior na partida, até sai de campo conformado. Agora, quando faz uma boa partida, tem um errinho e vê a bola parar lá dentro, arrebenta. Nesse período, o lado emocional é o mais difícil.
Você já lutou contra o rebaixamento no Fluminense, Vasco, Atlético-MG e Palmeiras. A experiência ajudou? Dorival Júnior Cada trabalho tem suas particularidades. Já peguei realmente várias situações em que o número de jogos eram menores e emergenciais. Mas, na maioria dos casos, cheguei com os times já montados. Já o São Paulo se remontou durante o torneio. Foi um tra- balho muito mais penoso, mesmo com quantidade maior de jogos.
Como foi para encontrar o time durante o torneio? Dorival Júnior As semanas livres que tivemos para treinar após os cinco, seis primeiros jogos nos ajudaram a formar o time. Se não fosse isso, seria muito complicado. O rendimento começou a mudar. Tivemos de alterar 60% da equipe. É algo drástico, um quebra-cabeça.
Esperava que Hernanes se adaptasse tão rapidamente? Dorival Júnior Lógico que eu esperava um acréscimo, mas não neste nível. Ele acrescentou em todos os aspectos, e foi uma surpresa positiva, principalmente pelo profissional que é. Ele impõe a forma de ser pelo exemplo. Por isso, está tão valorizado.