Ação fracassa e delator deverá ter multa maior
O delator da Lava Jato João Bernardi Filho seguiu todo o roteiro sugerido pela polícia: instalou gravadores no próprio corpo, marcou um encontro em um local público e direcionou a conversa para o pagamento de propina.
A operação, porém, não funcionou, e agora o colaborador pode ter que pagar uma multa maior do que o mínimo estipulado em seu acordo com a Justiça.
Engenheiro, Bernardi, trabalhava no Brasil para a empresa italiana Saipem, fornecedora da Petrobras, e passou quatro meses preso em 2015 sob suspeita de pagar propina ao ex-diretor da estatal Renato Duque, seu antigo amigo.
Saiu da cadeia ao firmar um acordo de colaboração. Uma cláusula sigilosa, só tornada pública neste ano, dizia que ele seria colocado em li- berdade “com o fim exclusivo de participar de ação controlada” sobre a atuação da Saipem no país.
Ações controladas são operações policiais em que um criminoso colaborador aceita coletar provas, tendo supervisão da polícia.
Feito o acordo, Bernardi foi a campo e programou um encontro com Luiz Mendes de Almeida Junior, apontado por ele como um emissário da Saipem, que atuaria com contatos com altos dirigentes da companhia italiana.
As provas obtidas, porém, não empolgaram as autoridades. Os procuradores da Lava Jato afirmaram em ofício que a colaboração do engenheiro “não foi efetiva”. A multa mínima sugerida para o engenheiro na época da delação era de R$ 1 milhão e agora a força-tarefa pediu o valor de R$ 2 milhões.