Aposta no rock
Sempre disposta a inovar, a cantora Gal Costa, 72 anos, revisita a Tropicália e dá um tom roqueiro ao CD/DVD “Estratosférica Ao Vivo”, já nas lojas e plataformas digitais. Após o disco “Recanto” (2011), em que ela apostou na música eletrônica, Gal convidou jovens compositores para compor o álbum “Estratosférica” (2015), que ganhou uma versão ao vivo com faixas antigas de sua discografia e versões de músicas nunca antes gravadas por ela. “Eu queria um show mais roqueiro, afinado com o começo da minha carreira no tropicalismo”, conta Gal. Outra referência, segundo ela, veio do filho. “Gabriel estava ouvindo muito rock há dois anos. Então, havia rock tocando em casa o tempo todo”, conta Gal Costa sobre seu filho adotivo de 12 anos.
“Gostei muito do resultado desse show. Trouxe um público jovem para perto de mim, e eu gosto disso.”
Uma das surpresas no re- pertório é “Cartão Postal”, parceria de Rita Lee com Paulo Coelho. “Adoro Rita Lee desde o tropicalismo, quando nos conhecemos e logo ficamos amigas. A música dela se encaixou muito bem. Eu sugeri ao Pupillo [baterista e produtor do disco] e aos meninos que transformássemos a música do Ben Jor em um rock, e assim foi feito. Aliás, as duas músicas dele viraram rocks: ‘Cabelo’, que eu já tinha gravado em ‘Plural’ [1990], e ‘Os Alquimistas Estão Chegando’, que nunca tinha cantado antes.”
O clima tropicalista que Gal Costa buscava pedia canções daquela época —fim dos anos 1960—, como “Não Identificada”, de Caetano Veloso, que ela gravou em 1969, e “Mal Secreto”, parceria de Jards Macalé e Waly Salomão [1943-2003], que está no disco ao vivo “Fa-Tal - Gal a Todo Vapor” (1971).
“Escolhemos canções que combinassem com esse conceito tropicalista que eu queria. Coisas que eu não cantava havia muito tempo, principalmente para não ficar parecido com os shows anteriores”, diz Gal. “O público merece novidade sempre. Gravar o DVD, aliás, foi uma exigência do público. E parece que todos ficaram satisfeitos. Algumas pessoas me dizem que este é meu melhor álbum ao vivo desde ‘Fa-Tal’, que eu gravei com menos de 25 anos. Considerei isso um grande elogio.”