‘Ouvir mais e falar menos é revolucionário’, diz Gal
Gal Costa viveu intensamente a época da ditadura militar no Brasil. Viu seus colegas, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, serem exilados nos anos 1970. E, mesmo em tempos de rigor, nunca deixou de lançar canções como “Divino, Maravilhoso” e ousar em capas de discos consideradas polêmicas, como “Índia”, de 1973, em que aparecia de biquíni e com parte dos seios à mostra.
“Sou muito feliz com o que eu já fiz, mas não fico satisfeita nunca. Quero fazer outras coisas muito importantes ainda. Pelo menos para as pessoas que se conectam comigo, que me escutam. Escutar, aliás, é a coisa mais importante nos dias de hoje. Vivemos num período em que todos querem falar ao mesmo tempo, dar opiniões sobre tudo. Hoje, ouvir mais e falar menos é algo revolucionário. Só assim poderemos lutar contra tanta intolerância, tanta crueldade”, destaca a cantora.
Gal ainda se indigna com polêmicas recentes envolvendo arte e censura. “A arte —música, principalmente— , tem esse poder de cura porque consegue entrar na alma das pessoas, acalentar, fazer pensar, tirar da zona de conforto, reconfortar. Tudo isso é necessário ao espírito. Portanto, arte não pode ser censurada. Fico assustada com as coisas que estão acontecendo”, afirma.
Ela ainda completa: “Nos tempos da ditadura, que vivi com intensidade, essa censura vinha apenas de cima, dos próprios militares. Hoje, além de a censura vir de cima, também vem das pessoas comuns. É preciso muita música para abrir de novo a cabeça das pessoas”, analisa a artista.