Confusão trabalhista
A reforma trabalhista, que já prometia provocar muito bafafá na Justiça, pode ficar ainda mais enrolada.
O texto aprovado pelo Congresso, que começou a vigorar neste mês, mexe em uns cem dos mais de 900 artigos da CLT.
Desde os anos 1940, nunca mudaram tanto as regras para os contratos entre patrões e empregados.
Como se isso fosse pouco, o governo baixou na terça-feira (14) uma medida provisória para ajustar alguns pontos polêmicos da nova legislação. Ou seja, fez uma espécie de reforma da reforma.
Isso havia sido combinado antes com o Senado, para garantir uma aprovação mais rápida do projeto.
Só que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), resolveu chiar. Ele prefere o texto do jeito que foi votado pelos deputados.
Por aí dá para imaginar a confusão. As empresas e os sindicatos ainda estão tentando entender todas as novas regras. Agora ninguém sabe se a tal MP vai vingar, se vai cair ou se vai ser toda alterada no Congresso.
Não é só: muita gente vai querer brigar na Justiça trabalhista, onde há muita má vontade com a nova CLT. Vai demorar bastante até chegarem a um entendimento sobre a aplicação das regras.
É claro que uma mudança tão grande não poderia acontecer sem conflito. Mas bem que o governo poderia facilitar a vida dos brasileiros explicando direito o que está fazendo.
A MP, por exemplo, saiu numa edição extra do “Diário Ofical”, no início da noite de uma véspera de feriado. E ninguém deu maiores esclarecimentos.
Desse jeito, fica parecendo que a turma está mais preocupada com os conchavos políticos do que com o sucesso da reforma.