Valeu, Drogba
A excelente temporada do Corinthians, campeão paulista e brasileiro, não é exatamente fruto de uma gestão lúcida.
Houve acertos, sem dúvida, como as corretas apostas nas chegadas de Pablo, Gabriel, Jadson e Jô. Mas houve também erros ridículos, como a infantil e frustrada negociação por William Pottker e a quase escalação de um jogador suspenso (Moisés!), evitada minutos antes de a bola rolar.
Houve ainda os acertos pelos quais a diretoria não merece o menor crédito. Eles seriam mais bem classificados como tentativas frustradas de erro, caso do desastrado processo de definição do técnico para 2017.
Mais desastradas ainda foram as tratativas de acerto com o atacante Didier Drogba, de história rica no futebol europeu e pouco a oferecer dos 38 para os 39 anos. Faltou tanto tato aos dirigentes alvinegros que eles conseguiram ouvir “não” de um atleta que lhe tinha sido oferecido.
A constrangedora investida foi encerrada com uma nota intitulada “Valeu, Drogba”, na qual o clube agradecia ao marfinense “pela atenção” e comemorava, mesmo com a recusa, “o carinho de mais um fiel torcedor”.
A lastimável demonstração de falta de amorpróprio rendeu chacota dos rivais. Ainda assim, foi melhor para o Corinthians passar por essa vergonha do que agradecer ao africano pelo futebol apresentado.
Tivesse o centroavante topado vestir preto e branco, teria sido muito improvável o sucesso estrondoso de Jô. Sem a sombra do ex-atacante do Chelsea, que comprou um time e foi se arrastar nos Estados Unidos, a cria do “terrão” foi o principal nome da equipe no ano.
O camisa 7 decidiu clássicos, apareceu nos momentos mais importantes e ainda pode se tornar o primeiro corintiano artilheiro de um Brasileiro.
Valeu, Drogba.