Escola na periferia incentiva crianças a escrever ccarrttas
Projeto ajuda a aproximar alunos de familiares e é contraponto a uso excessivo de celular
Os alunos da Escola Estadual Walter Belian, em São Mateus (zona leste), aderiram ao papel e à caneta como forma de expressar sentimentos e opiniões próprias sobre o mundo, longe do celular. Como um projeto educacional desenvolvido no colégio, eles são incentivados a escrever cartas e bilhetes que têm desembocado num turbilhão de afeto envolvendo coleguinhas, pais, avós e até mesmo o Agora.
Aluna do 4º ano, Camila Ferreira da Silva, 10 anos, seria como muitas crianças filhas da classe trabalhadora, que não consegue ter todo o tempo do mundo para compartilhar o ambiente familiar. A mãe dela trabalha como cozinheira em um hospital de São Caetano do Sul (ABC) e ainda no meio da madrugada já está de pé. São os bilhetes e cartinhas cheias de amor e carinho que fortalecem o vín- culo entre as duas. “Não jogo fora as cartas. Eu pego para ler quando estou triste e minha mãe não está por perto”, afirma a menina.
Colega de classe de Camila, Ana Luísa de Sousa Alves, 10, também viu nas cartas e bilhetes uma forma de receber e demonstrar carinho em casa. “A minha mãe é berçarista, tem que ficar se abaixando e levantando o tempo todo e acaba o dia muito cansada”, diz. “Ela me conta nas cartas como gosta de mim, como sou uma filha amada por ela”, afirma.
Correios
O projeto existe há 15 anos e, desde então, até mesmo convites para atividades e brincadeiras são enviados por bilhetes. “O objetivo é que desenvolvam competência na leitura e escrita de forma prazerosa, pela função social de uma correspondência”, diz a coordenadora pedagógica Aline Villas Boas Ruchini. “Também é importante pelo valor e sentimento envolvidos”, completa.
O interesse pelas cartas foi tanto que, após um pedido da direção, os Correios instalaram uma caixa de coleta de correspondências na escola.