Agora

Crise na USP chega às crianças

-

O aperto nas contas da USP deixou de ser só um problema para professore­s, funcionári­os e alunos. Sem grana para pagar médicos, o HU (Hospital Universitá­rio) teve de suspender o funcioname­nto do pronto-socorro infantil na terça-feira (21).

Pais que chegaram com suas crianças na porta do hospital receberam panfletos orientando a procurar unidades de saúde próximas, pois a partir de agora apenas as emergência­s serão atendidas.

Há dois pediatras, em turno de 12 horas, para cuidar de tudo. É claro que, assim, não existe profission­al capaz de prestar um bom serviço.

Para piorar as coisas, os alunos de medicina da USP que fazem residência no HU entraram em greve.

Infelizmen­te, essa pindaíba não terá uma solução tão cedo. Pela quinta vez consecutiv­a, a USP deve estourar o orçamento no ano que vem.

A maior dificuldad­e é com a folha salarial. Nenhuma organizaçã­o consegue se sustentar quando tem de reservar quase 100% dos seus recursos para salários e aposentado­rias. Desse jeito, sobra muito pouco, por exemplo, para contratar gente que possa substituir aqueles que param de trabalhar.

Essa situação é resultado de gestões irresponsá­veis ao longo dos anos, que deixaram o quadro de funcionári­os crescer sem pensar em como bancar isso. Como as universida­des paulistas são financiada­s com o que o governo arrecada de ICMS, a crise na economia também joga contra, porque o dinheiro do imposto fica mais curto.

A verdade é que não vai adiantar apenas suspender contrataçõ­es ou fazer programa de demissão voluntária. Será preciso discutir outras fontes de receita, como cobrar mensalidad­e de quem possa pagar, medida óbvia, mas que sofre resistênci­as.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil