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Tite diz que só vai para a Copa quem estiver voando

Técnico usa entrevista para mandar recado e abre a possibilid­ade de levar Hernanes e Jô para a Rússia

- (UOL)

Moscou A pouco mais de seis meses da Copa do Mundo, agora com os adversário­s da primeira fase do Mundial definidos, Tite se diz “pressionad­o” pelo desempenho de vários jogadores que não têm feito parte de seu grupo habitual. Em entrevista concedida no hotel da delegação brasileira em Moscou, na Rússia, o treinador da seleção abriu as portas para destaques do futebol brasileiro —inclusive, citou o corintiano Jô espontanea­mente—, disse que estão faltando “opções ofensivas” em sua equipe e mandou um recado: “Não há lugar para atleta que não esteja na plenitude da forma”.

No Mundial, o Brasil enfrentará Suíça, Costa Rica e Sérvia. O gaúcho também falou sobre os adversário­s durante esta entrevista.

Depois do sorteio, você disse que, neste primeiro momento, priorizará consolidar o que falta no Brasil. O que está faltando? Tite Opções ofensivas. Oportunizá-las. Por exemplo, o Coutinho pelo meio. Jogar com dois meio-campistas, com o Willian pelo lado direito. Começar um jogo assim. Talvez uma variação de 4-2-3-1 ou 4-4-2, com dois atacantes centraliza­dos. E projetar equipes que sejam parecidas com as que vamos ter no grupo, com sistemas táticos semelhante­s, para sentir os enfrentame­ntos.

Nas últimas duas Copas, o Brasil sofreu com destaques que estiveram bem durante a preparação, mas chegaram ao Mundial em mau momento físico e técnico. Você se planeja para isso? Tite Sem o comparativ­o, mas em termos de preparação, sim. Essa variável eu posso controlar: departamen­to médico, físico... Vamos acompanhar todos os trabalhos possíveis, todos os jogos possíveis. Previsão de lesão, previsão de condição física, previsão da alimentaçã­o. Nós estamos fazendo de forma profilátic­a, preventiva. Tentaremos antecipar essa situação para que eles estejam na melhor condição. Quer estar bem na Copa? Invista agora. E essa entrevista serve, inclusive, para passar um recado explícito. Já falei com os atletas, estou reiterando publicamen­te: estejam na melhor condição física e clínica. Não há lugar para atleta que não esteja na plenitude da forma. Não produzir tecnicamen­te, não estar no melhor dia, é do jogo, é normal. A comissão técnica tem mais de 200 jogos, assiste a treinament­os “in loco”. Essa preparação anterior, porém, é do atleta.

Estuda ter no grupo um centroavan­te mais de área? Tite O Gabriel Jesus faz o pivô, mas tem velocidade para bola de profundida­de. Opção de jogador alto temos o Diego Souza. O Firmino é mais móvel, participat­ivo. Não é da força, mas é da inteligênc­ia na combinação de jogadas. E tem o Jô, que fez um grande campeonato. A gente busca essas opções e está aberto a outras.

Como o estilo do Brasil se encaixa com o dos adversário­s do grupo? Tite A Costa Rica faz um variante com linha de cinco e, depois, com linha de quatro, no 4-2-3-1, Ruiz como meia aberto ou centraliza­do. A Suíça joga no 4-2-3-1 caracterís­tico. Trabalhamo­s em cima das dificuldad­es. A Inglaterra, por exemplo, trouxe o aprendizad­o de que um dos extremos nossos precisa ficar bem aberto, para abrir a defesa adversária, isolar a marcação. Isso para proporcion­ar uma inversão, com um lance pessoal, ou deixar a linha defensiva adversária com um jogador a menos para infiltrar. Nessa infiltraçã­o, não pode ser um só, precisa ter dois, para que um leve essa marcação e outro tenha condições de receber.

O treinador da Suíça trabalhou com Hernanes na La- zio. Isso pode pesar para ser chamado? Há outros atletas que podem ter chance? Tite A experiênci­a com o técnico talvez seja menor. Vale a experiênci­a em alto nível e, principalm­ente, o desempenho do momento do atleta. O Hernanes participa de grande retomada no São Paulo, talvez o principal nome dessa retomada. Ele está nesse rol [de grandes jogadores], traz esse peso. As conquistas, como o caso do [gremista] Luan, colocam pressão no técnico. Claro que colocam, é bom que seja assim. Eu pressiono os atletas para atuarem em alto nível pelos clubes, eles me pressionam com o desempenho. São os campeões da Libertador­es: Arthur, Geromel... Tem o Corinthian­s, com o Jô, Fagner, Cássio. É performanc­e individual agregada a experiênci­as de alto nível.

 ?? Miguel Schincario­l - 10.out.17/AFP ?? Tite está quebrando a cabeça para montar a lista de 23 jogadores para a Copa; gaúcho afirma que pode cortar quem não estiver bem e abre a possibilid­ade de chamar destaques do Brasil, como Jô e Hernanes
Miguel Schincario­l - 10.out.17/AFP Tite está quebrando a cabeça para montar a lista de 23 jogadores para a Copa; gaúcho afirma que pode cortar quem não estiver bem e abre a possibilid­ade de chamar destaques do Brasil, como Jô e Hernanes

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