Para tucanos e governistas, falta habilidade a Meirelles
Fala do ministro da Fazenda, que ensaia a sua candidatura à Presidência, contra o PSDB, recebe críticas
As críticas do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) ao PSDB acirraram a crise entre tucanos e o governo às vésperas das últimas tentativas para votar a reforma da Previdência na Câmara.
A avaliação no partido e, inclusive, de aliados do Planalto é de que faltou habilidade por parte do ministro ao dizer que o candidato do governo à Presidência não será o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e que os tucanos seguem a direção de não apoiar a gestão de Michel Temer.
Coube ao líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), ser o porta-voz inicial da reação às palavras. “Isso é porque ele é candidato e ele quer agora, obviamente, começar a campanha eleitoral. Começou muito mal. Não é por aí que ele vai conseguir convencer a população brasileira de que o PSDB não tem ajudado o governo.”
Meirelles ainda não se lançou candidato, mas admite essa possibilidade.
“Para quem quer compor uma maioria, não foi uma boa ideia. Não ajuda a ganhar”, disse o deputado Sílvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB.
Na base governista, a fala de Meirelles foi alvo de críticas de parlamentares.
“Não que chegue a prejudicar, mas não ajuda em nada. Não podemos fazer nenhuma marola para prejudicar a reforma”, disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP).
Auxiliares do presidente Michel Temer também avaliaram que as declarações do ministro não ajudam o governo em um momento de negociação política.
Publicamente, não houve defesa do ministro da Fazenda por parlamentares.
Para Tripoli, o governo quer colocar na conta do PSDB uma eventual derrota da reforma previdenciária.
“É um desrespeito dele com a bancada federal, que ajudou tanto. Demos mais votos na reforma trabalhista que o partido dele [PSD] e que o partido do presidente Michel Temer, o PMDB. Acho uma ingratidão”, afirmou.