Alckmin deverá jogar contra PT em discurso hoje
Tucanos definem governador paulista como novo líder do partido; ele atacará candidatura de Lula
Em tom muito mais duro que o habitual, o governador Geraldo Alckmin assumirá o comando do PSDB com uma fala crítica ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu possível adversário nas eleições presidenciais. A declaração compõe o discurso, cujos trechos da última versão a reportagem teve acesso.
“Os brasileiros não são tolos. Sabem, hoje, do método lulopetista de confundir para dividir, iludir para reinar”, dirá ele na convenção partidária de hoje, em Brasília.
“Mas vejam a audácia dessa turma. Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, meus amigos: ele quer voltar à cena do crime.”
A fala dura contrasta com o estilo conciliador de Alckmin, cuja pertinência é questionada por setores da classe política em meio à crise e polarização no país.
Com seu estilo de “jogar parado”, porém, o governador paulista se fortaleceu dentro do PSDB, e hoje tem favoritismo para lançar sua candidatura à Presidência.
Isso sugere que Alckmin mira a fatia do eleitorado que apoia o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por antipetismo, embora seja improvável que com isso atinja aqueles que dizem votar no pré-candidato por suas posições mais extremadas. O governador, afinal, é uma figura tradicional da política.
Alckmin deverá seguir a abordagem híbrida sugerida em documento coordenado pelo ex-senador José Aníbal e endossada em entrevista dada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defendendo crescimento econômico, responsabilidade fiscal, temas cotidianos como segurança pública e acenando à esquerda com promessa de maior inclusão social.
FHC foi defensor do movimento para colocar Alckmin na chefia do partido, que, além de ajudar a unificar a legenda, lhe garante palanque de mídia e estrutura pa- ra viagens políticas após sua desincompatibilização, que deve ocorrer em abril.
Unificação
Alckmin topou presidir o PSDB num movimento para evitar que o partido rachasse entre a ala mais jovem, liderada pelo senador Tasso Jereissati (CE), e o grupo do governador Marconi Perillo (GO). Além de ganharem cargos na divisão do poder, ambos serão alvo de deferências do tucano em seu discurso.
Há ainda a questão da vontade do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, de disputar prévias e provocar Geraldo Alckmin a aceitá-las. Líderes da sigla tucana estão conversando sobre como lidar com o assunto.