Maluf, um símbolo que cai
Causa um certo mal-estar a imagem de Paulo Maluf curvado, de muleta, sendo conduzido pela Polícia Federal para cumprir uma pena de prisão.
Aos 86 anos, o hoje deputado federal pelo PP de São Paulo não mostra mais aquela banca dos tempos em que era, para muitos, o maior vilão da política nacional.
Desde que iniciou a carreira pública, em 1969, Maluf foi personagem de vários escândalos. Mas, com a lentidão da Justiça brasileira, sua primeira condenação penal definitiva só veio agora.
Para se ter uma ideia, o desvio de verbas do qual ele é acusado é do tempo de sua segunda passagem pela Prefeitura de São Paulo, entre 1993 e 1996.
De lá para cá, a maior parte dos crimes apontados pela acusação prescreveu (ou seja, perdeu efeito para a Justiça).
A sentença de sete anos, nove meses e dez dias de prisão aplicada pelo Supremo Tribunal Federal foi por lavagem de dinheiro.
A impunidade durou tanto que Maluf até fazia piada com a situação. Em março deste ano, por exemplo, contou vantagem por não estar nem na lista da Lava Jato nem na do mensalão.
É fato que, com tantos escândalos no Brasil, os rolos dele e de outros personagens da ditadura militar podem acabar esquecidos pela população.
A corrupção ficou muito mais aparente na democracia. Isso acontece porque a imprensa não está sob censura, a Justiça é livre e a oposição pode falar sem medo.
Os problemas existem e são graves, mas pelo menos o país agora tem os meios para denunciar e corrigir a bandalheira.