Passageiro que faz baldeação enfrenta viagens mais longas
Gestão Doria quer aumentar ainda mais transferências entre ônibus. Diz que isso vai agilizar viagens
Longas fil as, veículos cheios e maior tempo de espera no ponto e de viagem. Essa é a realidade de passageiros dos ônibus municipais de São Paulo que precisam fazer baldeações para chegar a seus destinos finais.
Anteontem, a gestão João Doria (PSDB) apresentou as novas regras para o serviço da capital, que transporta em média 8 milhões de passageiros por dia, em 1.300 linhas. As alterações preveem ainda mais baldeações e mil veículos a menos do que circulam hoje. Segundo a gestão, as mudanças vão reduzir o tempo das viagens.
O Agora esteve ontem nos terminais Jabaquara e Ana Rosa e acompanhou a rotina daqueles que passaram fazer baldeações este ano, após mudanças em linhas. É o caso da doméstica Cecília Cruz, 63 anos, moradora do Jardim Ângela (zona sul). Ela conta que desde fevereiro, quando a linha que usava para ir di- reto à estação Ana Rosa foi divida, tem de ir até o parque do Povo, no Itaim Bibi (zona oeste), e de lá fazer uma baldeação (veja quadro). “Eu levava uma hora e 35 minutos até o serviço. Hoje, faço o mesmo trajeto em duas horas e dez minutos. Ainda bem que não bato ponto”, disse.
O eletricista mecânico Marcos Batista, 38 anos, faz o mesmo percurso. “Entro no meu serviço às 7h, mas, por conta dessa mudança, tenho que pegar o ônibus às 5h para chegar a tempo”, afirmou.
Situação parecida têm passageiros que descem no terminal Jabaquara (zona sul). A dona de casa Romilda Clementino, 58 anos, mora no Jardim Guarujá, no Jardim Ângela (zona sul). Até julho, ela conseguia ir à Saúde (zona sul), na casa da filha dela, usando apenas uma linha. Mas agora, tem de desembarcar em um terminal e pegar outro coletivo. “Quando não é a fila para entrar, é o ônibus lotado que eu pego. Lamentável!”, reclamou.
Já a comerciante Valquíria Martins, 33 anos, diz aguardar, no terminal, por até 15 minutos a chegada do ônibus para o Jabaquara. “É um tédio, ainda mais quando quero chegar em casa ou estou atrasada”, conta.