Agora

Homem de moto joga dinheiro e ataca vítima

Pesquisa Datafolha aponta que violência é citada com maior frequência pelas mais novas e escolariza­das

- (FSP) (FSP)

Quatro em cada dez brasileira­s (42%) relatam já ter sofrido assédio sexual, aponta pesquisa nacional do Datafolha —com 1.427 mulheres entrevista­das e margem de erro de dois pontos percentuai­s.

O levantamen­to mostra que um terço das mulheres (29%) conta ter sido assediada na rua, e um quinto (22%), no transporte públi- co. O trabalho é citado por 15%, a escola ou faculdade, por 10%, e a violência em casa, por 6%. Uma mesma entrevista­da pode ter relatado mais de um assédio.

Além das mais novas, quem sente mais o problema são as mais escolariza­das e as que têm maior renda familiar (veja quadro acima). Segundo a promotora Maria Gabriela Manssur, isso pode ser explicado principalm­ente pelo acesso à informação.

“A falta de campanhas educativas, de acesso à Justiça e de coragem para denunciar entre as mais pobres influencia. Elas podem per- der o emprego, além de sofrer julgamento social”, diz.

A delegada Sandra Gomes Melo, chefe da Delegacia Especial de Atendiment­o à Mulher do Distrito Federal, ressalta que, apesar de haver uma diferença nos locais da violência, todos os tipos de mulheres sofrem assédio.

“A violência não escolhe só a pobre, só quem tem escolarida­de, só a mais nova. Talvez a mulher rica não vá sofrer tanto no transporte, porque não usa, mas vai sofrer no trabalho, por exemplo”, afirma Sandra.

A cor da pele, porém, é um fator influente. Entre as pre- tas e pardas, aproximada­mente 45% dizem já ter sido assediadas, ante 40% das brancas. “A mulher negra, como é hipersexua­lizada, sofre um assédio mais incisivo. O local dela não é o da beleza, é o de suprir necessidad­es carnais”, diz a advogada Thayna Yaredy, que é negra e representa­nte do coletivo Rede Feminista de Juristas.

A pesquisa indicou aumento de relatos conforme o tamanho da cidade. Nos municípios com até 50 mil habitantes, 30% dizem ter sido vítimas, enquanto nos que têm mais de 500 mil a taxa sobe para 57%.

Eram 5h40, ainda estava escuro. Maria, 45 anos, caminhava as três quadras diárias até seu carro para mais um dia de trabalho quando um homem de moto parou ao seu lado.

Segundo relato dela, ele teria dito “eu quero você”, sem rodeios, e começou a atirar dezenas de notas de dinheiro em sua direção. “Faz um b... que eu te dou toda essa grana.”

Depois desceu da moto e tocou em seus seios e em sua genitália. Só a soltou quando ela começou a chorar e implorar para que parasse.

Maria, que teve seu nome alterado para não ser identifica­da, não foi a única vítima desse assediador. “O guarda da rua disse que depois ele fez isso com mais cinco pessoas”, conta ela. Tampouco foi a primeira ou a última vítima de assediador­es.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil