Temer diz que será um cabo eleitoral ‘substancioso’
Hoje o presidente amarga índices de aprovação em torno de 5%; denúncias, diz, prejudicaram
O presidente Michel Temer admitiu ontem que denúncias de corrupção “prejudicaram muito” seu governo e sua popularidade, mas acredita que em breve vai recuperar capital político e será um cabo eleitoral “substancioso” na disputa de 2018.
Apesar de seus baixíssimos níveis de aprovação, o presidente tenta articular um bloco de centro-direita que deve apoiar um candidato nas eleições do próximo ano.
O ministro Henrique Meirelles (Fazenda), que estava ao seu lado ontem, é um dos nomes mais cotados.
Bem-humorado durante um café com jornalistas, Temer fez piada com seus índices de aprovação ao dizer que “aumentaram em 100%, de 3% para 6% [segundo o Ibope]”, e afirmou que a popularidade “é uma jaula”, citando frase do publicitário Nizan Guanaes.
Segundo o presidente da República, sua impopularidade serviu para que ele fizesse “o que o Brasil precisa”, como a aprovação de medidas de ajuste fiscal.
“A questão da corrupção prejudicou muito o governo e prejudica muito a popularidade, porque uma pesquisa que pedi, em caráter particular, revela que as pessoas têm vergonha de dizer, embora aprovem o governo, têm certo pudor [de dizer que aprovam], porque pensam: ‘Poxa, esse governo corrupto, todo mundo é corrupto’”, disse.
Este ano, Temer foi denunciado duas vezes pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por corrupção passiva, obstrução da Justiça e formação de quadrilha. As acusações foram barradas pela Câmara e voltarão a tramitar quando ele deixar o cargo, no fim de 2018.
Balanço
Na espécie de balanço que fez do ano e meio de seu mandato, Temer tentou transferir para “setores públicos e privados” a respon- sabilidade da grave crise política que acometeu seu governo. Para ele, seus “detratores foram desmascarados” e hoje estão “presos ou desmoralizados”.
O discurso foi um ataque indireto ao empresário Joesley Batista, da JBS, que gravou uma conversa com o presidente no Palácio do Jaburu usada pela PGR para apresentar as denúncias contra ele.
Temer acredita que após a prisão de Joesley —acusado de ter se beneficiado financeiramente durante sua delação—, o governo será lembrado pelo “descaramento daqueles que se mascararam para urdir o que urdiram” e isso, avalia o presidente, terá efeito eleitoral positivo.
Dica
“Penso que, seja o Meirelles ou seja quem for [o candidato], acho que seremos grandes eleitores na próxima eleição. O Meirelles já disse, mas quem for candidato não vai poder deixar de dizer o que vai fazer com as reformas. Vamos ser eleitores substanciosos.”