Delação da Odebrecht não dá explicação a 600 ccodinomes
Pagamentos ilegais da empreiteira para beneficiários sem identificação passam de R$ 100 milhões
Os depoimentos e documentos da delação premiada da empreiteira Odebrecht deixam sem explicação cerca de 600 codinomes de destinatários de propinas e repasses ilegais registrados nas planilhas do setor de operações ilícitas da construtora.
A soma dos recebimentos dos 20 maiores beneficiários sem identificação passa de R$ 100 milhões, segundo levantamento da reportagem.
Na documentação também há outro tipo de lacuna: uma planilha intitulada “tradução” traz apelidos vinculados a nomes de políticos, entre eles o do presidente da República, Michel Temer, o do pré-candidato ao Palácio do Planalto Ciro Gomes (PDT-CE) e o do vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDBSP), mas não há informações sobre repasses ligados aos codinomes.
Esse arquivo lista Temer associado ao codinome “sem medo”, Gomes ligado ao termo “sardinha” e Covas a “neto pobre’.
A reportagem analisou nos últimos quatro meses cerca de 2.300 listas de pagamentos que fazem parte do acervo de 76 mil páginas apresentadas pela Odebrecht à Operação Lava Jato.
Além de subornos, as planilhas também contabilizavam transferências com recursos do caixa dois para quitar despesas como o pagamento de bônus por fora a alguns altos executivos da companhia, com sonegação de imposto, segundo Hilberto Mascarenhas, que chefiou o departamento ilegal de 2006 a 2014.
No material bruto, disponibilizado pelo Supremo Tribunal Federal, o maior número de pagamentos está relacionado a “conterraneo”, com 103 transferências que somaram R$ 13,7 milhões.
Em seguida vem “eao” (veja lista ao lado). Na delação não há explicação para esse apelido, porém, uma ex-funcionária do departamento de repasses ilegais vinculou o termo ao acionista e ex-número um do grupo, Emílio Alves Odebrecht. Os maiores recebedores (em R$ milhões)