Maioria diz que mulher que faz aborto deve ser
Número de pessoas que diz ser favorável à descriminalização da prática cresceu, segundo o Datafolha
A maioria dos brasileiros, 57%, acredita que a mulher deve ser punida e ir para a cadeia por fazer um aborto, segundo pesquisa Datafolha. O percentual era de 43% em 2007 e de 64% em 2016.
Mas a taxa de brasileiros favoráveis à descriminalização da prática aumentou no último ano, passando de 23% para 36%.
As opiniões não variam de acordo com o sexo do entrevistado —58% dos homens e 56% das mulheres são favoráveis à punição —o que é considerado um empate, já que a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Em caso de estupro ou de risco de morte da mãe, quando o aborto já é permitido por lei, os brasileiros se mostram mais abertos à interrupção da gravidez. Para 61%, a mulher que corre esse risco deve ter o direito de abortar e, para 53%, a inter- rupção deve ser permitida para vítimas de estupro.
O levantamento foi realizado com 2.765 pessoas, em 192 municípios do país, nos dias 29 e 30 de novembro.
Quanto mais jovem, escolarizado e com maior renda familiar, mais favorável à descriminalização do aborto.
Os brasileiros de 16 a 24 anos são os mais contrários à punição: 44% acham que a mulher não deve ser presa. A taxa cai para 30% entre pessoas de 45 a 59 anos —para 61%, o aborto deve continuar sendo crime.
A apoio à descriminalização aumenta de acordo com o nível de escolaridade. Para 34% das pessoas com ensino superior, a mulher deve ser punida por abortar, contra 71% dos com ensino fundamental. Entre brasileiros com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos, 70% apoiam a descriminalização. Já entre os que ganham até dois salários mínimos, essa taxa é de 26%.
Entre evangélicos, 65% dizem que a mulher deve ser presa por abortar, e 29% discordam. Já entre os ateus, os favoráveis à punição são 17% —83% são contrários. O que os brasileiros pensam sobre a possibilidade de interromper gestação (em %)