Agora

Recuperaçã­o de grana na Lava Jato cai 90%

- (FSP)

Caem os valores arrecadado­s com acordos de leniência R$ 7,97 bilhões

O ano de 2017 vai passar para a história como aquele em que a Operação Lava Jato encolheu numa das áreas em que fez mais sucesso: a recuperaçã­o de dinheiro.

Maior fonte de recuperaçã­o, as multas dos acordos de leniência, fruto de uma espécie de delação para empresas, recuaram de cerca de R$ 8 bilhões em 2016 para R$ 839 milhões em 2017, uma queda de 90%.

Desde que foi deflagrada, em março de 2014, a operação já conseguiu R$ 11,5 bilhões, um recorde.

Antes da Lava Jato, o órgão do governo responsáve­l por essa área, o DRCI (Departamen­to de Recuperaçã­o de Ativos e Cooperação Jurídica Internacio­nal), tinha recuperado US$ 14,9 milhões entre 2005 e 2014, o equivalent­e a R$ 49 milhões hoje.

Recuperaçã­o de dinheiro desviado ou multas não seguem uma lógica linear, se- gundo a qual deveriam crescer todo ano. Mas uma queda de 90% não é obra do acaso, segundo os advogados Celso Vilardi e Sebastião Tojal, que atuaram em cinco acordos de leniência, entre os quais os das empreiteir­as Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e UTC.

Vilardi diz que o governo do presidente Michel Temer, que é alvo da Lava Jato junto com alguns de seus principais ministros, enfraquece­u os acordos com duas medidas: propôs multas que quebrariam as empresas e obrigou-as a negociar com um labirinto de órgãos públicos, que competem entre si.

“Com o governo Temer, a empresa que fez acordo enfrenta mais dificuldad­e para sobreviver do que aquelas que não fizeram”, afirma.

O procurador Carlos Fernando Lima criticou artifícios usados para se acabar com as leniências.

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