Agora

Tribunal de Contas da cidade tem mordomia e supersalár­io

TCM tem quadro político como base e é o único do país que não conta com conselheir­os técnicos

- (FSP)

Pedra no sapato do prefeito João Doria (PSDB), cujos programas têm sido travados, o TCM (Tribunal de Contas do Município) contará com orçamento de R$ 283 milhões para 2018, superior ao de 12 secretaria­s da administra­ção municipal, como as de ambiente e esporte.

A maior parte do valor vai para gastos com pessoal. Os cinco conselheir­os recebem remuneraçõ­es (R$ 30.471) superiores às do prefeito (R$ 24,1 mil), e dois recebem auxílio-moradia (R$ 4.377), o que faz com que ganhem supersalár­ios acima do teto de R$ 33,7 mil dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

O TCM conta com cerca de 650 funcionári­os, sendo que 175 deles são comissiona­dos (indicados por conselheir­os), e apenas outros 168 são auditores, ou seja, os funcionári­os responsáve­is pela atividade fundamenta­l do órgão: análise técnica de contratos, editais e projetos da cidade.

“Os comissiona­dos não deveriam ser em maior número do que o daqueles que executam a atividade central do próprio órgão”, afirma o professor Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP.

Entre os comissiona­dos proliferam pessoas próximas a vereadores, ex-vereadores e outras figuras influentes.

Em outubro, Michele Miguel foi nomeada para o cargo de “assessora de gabinete 1”, com salário de quase R$ 24.500. Ela é mulher do exvereador (2005-2016) Aurélio Miguel (PR), que tem sido alvo de investigaç­ões (algumas arquivadas) do Ministério Público do Estado por suposto recebiment­o de propina. Outro caso de destaque é o de Fábio Goulart, também assessor de gabinete, que é filho do deputado federal Antônio Goulart (PSD), que foi vereador por cinco mandatos. Rodrigo Goulart, irmão de Fábio, é vereador.

“A recorrênci­a lança dúvidas sobre o porquê essas pessoas foram parar lá. Não é coincidênc­ia. Talvez o TCM esteja fazendo o que cobra que os órgãos que fiscaliza não façam”, diz Teixeira. Só 25% dos funcionári­os são auditores, responsáve­is pela atividade fundamenta­l do órgão R$ 24.165 R$ 30.471 R$ 33.763 Até R$ 36.512

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Adriano Vizoni/Folhapress Prédio do TCM, na zona sul de SP; parentes de vereadores e de diferentes figuras influentes assumem cargos sem concursos em gabinetes do órgão

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