Maior lixão do país vai ser fechado
Brasília Nascido irregularmente após a criação de Brasília, no início dos anos 1960, o lixão da Estrutural (cujo nome formal é Aterro Controlado do Jóquei) já poderia ter sido fechado há 20 anos, quando o Ministério Público aumentou a pressão contra o local. Agora tem data prevista para terminar: 20 de janeiro.
Do ponto mais alto até a base (abaixo do nível do solo), a montanha de detritos chega a 55 metros. É como se um prédio de 18 andares de lixo estivesse ali, construído sem nenhuma proteção prévia e aumentado a cada dia.
Em 2011, a Justiça chegou a determinar o fim do aterro, o que não ocorreu. Em 2014, terminou o prazo para encerramento de lixões e aterros irregulares previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Nada aconteceu.
O governo do Distrito Federal afirma que só agora tem condições para que o encerramento aconteça, porque houve a inauguração de um aterro sanitário em Samambaia, modelo que diminui o impacto do descarte, e o aluguel de galpões e compra de equipamentos para coleta.
Hoje, a estimativa é que 1.200 pessoas trabalhem no lixão, de forma rotativa, sem horário ou dia fixos. Catadores, porém, afirmam que o número é maior: como não há controle, chegaria a 2.000. Alguns dizem não acreditar no fim. “Não fecha. O governo empurra com a barriga e nós empurramos junto”, diz, aos risos, Leopoldina Pereira, 57, a Tiazinha, em frente ao barraco que fez para descanso em intervalos do garimpo no lixão.
Outros temem ficar de mãos vazias. “Não adianta a gente sair daqui para não ter aonde ir”, reclama Dica Viana, 54, uniforme camuflado e camiseta puxada entre os olhos e a boca, numa espécie de máscara improvisada.
O acesso é praticamente livre. Apesar de haver uma cerca, a barreira não impede que crianças circulem e trabalhem, o que é ilegal.