‘Quero a unanimidade’, afirma Alisson
Aos 25 anos, não falta ao gaúcho Alisson Becker confiança para ser o goleiro do Brasil na Copa. “Trabalhei muito para chegar aonde eu cheguei e não vou abrir mão disso”, afirma, como num recado a quem ache que ele pode perder o posto.
A segurança tem justificativa. Desde sua estreia pelo Brasil, em outubro de 2015 (vitória de 3 a 1 sobre a Venezuela), quando o técnico era Dunga, Alisson não correu risco de perder a posição.
Sua única falha memorável foi na Copa América Centenário, em junho de 2016, nos EUA. Na partida contra o Equador, não conseguiu defender um chute sem ângulo de Bolaños. A bola resvalou na trave, bateu no braço e no peito do goleiro e entrou. Um frango. Mas o árbitro marcou saída de bola pela linha de fundo —o que não aconteceu— antes de o equatoriano chutar e não validou o gol. Sorte de Alisson.
O Brasil foi eliminado no torneio, Dunga caiu. No seu lugar, Tite mudou o futebol da seleção, que terminou as eliminatórias com campanha recorde. Uma coisa, porém, não se alterou. Alisson permaneceu prestigiado.
Com o Dunga, você jogou cinco partidas e tomou seis gols. Com Tite, 11 jogos e só três gols. O que mudou na seleção brasileira? Alisson A equipe encontrou uma maneira de jogar. A gente tem uma característica de jogo que é a do futebol brasileiro: técnico, de drible, de toque de bola, de muita qualidade. O Tite conseguiu também encontrar um equilíbrio tático, tornar a equipe sólida defensivamente. Sofremos pouquíssimos gols na era Tite. O que faltava era encontrar um modo de ter uma defesa sólida, de ter uma equipe que pudesse atacar sem medo, sabendo que ali atrás as coisas iriam estar organizadas.
No Brasil você não é unanimidade, talvez por ser mais jovem que outros goleiros, como Cássio, Diego Alves e Vanderlei. Como você lida com essa situação? Alisson Não vejo assim. Me vejo muito mais com críticas positivas do que negativas. A única questão que mexeu um pouco com o meu momento foi quando eu não estava com ritmo de jogo aqui na Roma. Começaram a pedir outros goleiros. Foi pela questão do ritmo, nunca pela falta de uma qualidade minha, por uma falha, por um mau momento. Mas não me afetou na seleção. Quando fui chamado, eu estava pronto. Lógico que quero alcançar a unanimidade, há o objetivo de ser aceito por todos. Mas, no futebol, nem o melhor do mundo (Cristiano Ronaldo) é unanimidade.
Partidas de Copa podem ser decididas nos pênaltis. Como você se avalia? Alisson Estudo o batedor e tento imaginar qual vai ser a situação do jogo. Há vários fatores: quanto estava o resultado quando ele bateu, por exemplo. Isso influencia muito, o momento do jogo. Avalio em vídeo os detalhes. Pênalti tem muito do instinto, da confiança. Tenho um grande professor que é o Taffarel, que defendeu pênaltis em momentos fundamentais, como na Copa de 1994. Estou em boas mãos.