Países reagem e Trump nega ter usado ‘merda’ em frase
Senador desmente presidente dos EUA, que teria ofendido Haiti, El Salvador e nações africanas
Os relatos de que o presidente dos EUA, Donald Trump, teria dito em reunião na quinta-feira que seu país recebe imigrantes de “países de merda” como Haiti, El Salvador e nações africanas, provocaram fortes reações de desagrado pelo mundo.
O próprio presidente veio a público ontem para comentar o episódio e negou ter usado o termo chulo.
A frase foi relatada sob condição de ter o nome omitido nas reportagens por pessoas que estavam na reu- nião a jornais.
Ontem, porém, o senador democrata Dick Durbin confirmou o relato. “Ele [Trump] fez esses comentários torpes e vulgares, chamando as nações de onde eles [imigrantes] vêm de ‘países de merda’ —esta é a palavra exata usada pelo presidente, não só uma vez mas repetidamente”, disse.
Em inglês, o termo usado é “shithole”, ou “buraco de merda” — linguagem chula para fossa sanitária.
“Por que todas essas pessoas desses países de merda vêm parar aqui?”, teria afirmado o presidente. Ele teria sugerido que os EUA fariam melhor se atraíssem pessoas de lugares como a Noruega.
Trump, porém, negou que tenha usado o termo “merda”, embora tenha admitido que usou palavras fortes.
A União Africana, que representa países do continente, disse que ficou “francamente alarmada”‘ pelos comentários de Trump. “Dada a realidade histórica de quantos africanos chegaram aos EUA como escravos, essa fala é uma afronta a todo o comportamento e prática aceitos”‘, disse Ebba Kalondo, porta-voz da organização.
O partido no poder na África do Sul, o ANC, disse que os comentários de Trump eram “extremamente ofensivos”.
O escritório de Direitos Humanos da ONU em Genebra chamou os comentários de Trump de racistas.
O governo haitiano cha- mou o encarregado de negócios dos EUA em Porto Príncipe para reclamação formal.
Não, obrigado
Já na Noruega, citada por pelo presidente americano como exemplo de país do qual os EUA deveriam receber imigrantes, o político Torbjoern Saetre escreveu em uma rede social: “Em nome da Noruega: Obrigada, mas não obrigada”.
“Nós não vamos [aos EUA]. Saudações da Noruega”, disse uma norueguesa também em rede social.
Centenas de milhares de noruegueses emigraram aos EUA no século 19, mas em 2016 apenas 502 fizeram o movimento, de uma população de 5,3 milhões.