Com Ceni ou Boquita, saboroso
Em 1993, São Paulo e Corinthians fizeram a final mais empolgante da Copa São Paulo de juniores. A “Folha de S.Paulo” de 26 de janeiro, dia seguinte à decisão, teve ampla cobertura da vitória tricolor por 4 a 3 e da conquista do “único título importante que o clube do Morumbi não tinha no futebol brasileiro”.
A preocupação não era exatamente se os garotos vingariam. Não era possível saber, por exemplo, que o habilidoso pontadireita Catê ficaria na promessa. Ou que o goleiro Rogério, que falhou feio em um gol alvinegro, ganharia sobrenome.
O que interessava mesmo, naquele momento, era o clássico que parava a cidade em seu aniversário, mesmo disputado entre meninos. E era justo que fosse assim.
Revelar bons jogadores é evidentemente a principal atribuição das categorias de base. Mas levantar a Copinha é ótimo, ainda que nenhum talento surja do campeão.
“Eu quero ganhar todo ano e não revelar ninguém”, costuma afirmar Pipe, amigo da coluna, corintiano radical.
Ele se lembra com particular carinho do time que ergueu a taça em 2009, com Bruno Bertucci e Boquita como grandes nomes. O fato de o leitor estar perguntando quem são eles ou onde estão dá uma boa medida da qualidade do vencedor.
É verdade que a competição, bizarramente inchada pela FPF, já não tem o charme dos anos 1990. Com o calendário profissional apertado, janeiro também deixou de ser exclusividade dos garotos —o que acabava gerando uma atenção maior à disputa dos juniores.
A Copa São Paulo continua, porém, apresentando jovens com fome, buscando seu espaço. E algo que os principais jogos profissionais não têm mais: torcedores pobres. Alguns deles farão muita festa no dia 25, mesmo que a final seja uma pelada hedionda.