Mundo Papa inicia amanhã a sexta visita à América Latina
Roteiro no Chile e no Peru inclui encontros com indígenas; pontífice deve citar eleição da Bolívia
Em sua sexta visita à América Latina, onde já foi a Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai, Cuba, México e Colômbia, o papa Francisco desembarcará amanhã no Chile e seguirá dia 18 para o Peru, onde ficará até dia 21.
Entre as várias atividades tradicionais, como encontros com chefes de Estado e missas para multidões, há ao menos duas que são inusitadas. No Chile, o papa se encontrará dia 17, na cidade de Temuco, com representantes da etnia mapuche. A escolha chama a atenção porque ativistas desse grupo indígena estão em pé de guerra com o Estado tanto no Chile como na Argentina, realizando atos pacíficos e, em alguns casos, cometendo atentados para reivindicar soberania ou terras que julgam lhes terem sido roubadas no século 19.
Já no Peru, Francisco também vai se reunir com representantes indígenas —entre eles os da Nación Q’ero, considerados descendentes dos incas— no dia 19, em Puerto Maldonado.
Nenhuma dessas comunidades é católica —a maior parte da população indígena do continente foi dizimada na colonização, quando a Igreja Católica atuou ao lado de espanhóis e portugueses .
Segundo o bispo peruano David Martínez Aguirre, que acompanhará o papa, a mensagem que o pontífice quer passar é que os indígenas “são minorias que devem ser levadas em conta” pois podem trazer “outras direções à humanidade”.
Política
No dia seguinte a seu desembarque em Santiago, o papa se encontrará, no palácio de La Moneda, com a presidente Michelle Bachelet. Há expectativa de que ele cite os reiterados pedidos da Bolívia por um acesso ao mar. Na segunda metade do século 19, depois de uma guerra com o Chile da qual o Peru também participou, perdeu 400 km de costa e 120 mil km2 de território.
Os chilenos dizem que não há volta atrás nessa questão, uma vez que os dois países assinaram um tratado estabelecendo a fronteira.