Facções impulsionam mortes no litoral do Rio
Angra dos Reis e a região dos Lagos (Cabo Frio e Búzios, por exemplo), têm visto aumento de mortes violentas e outros crimes, impulsionados pelas facções Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro, as duas maiores do Rio, que vêm expandindo presença no interior do Estado.
Angra, que era mais conhecida por suas praias e mansões, tem chamado a atenção por cenas rotineiras na região metropolitana do Rio, mas inéditas por esses lados: crianças deitadas no chão da escolas para se proteger de tiroteio, explosão de caixas de bancos, traficantes armados com fuzis na beira das favelas, de olho em quem chega e em quem sai. Nos últimos dois meses, duas vezes bandidos explodiram bancos e fugiram pelo mar.
No Mapa da Violência de 2016, com dados de 2015, a cidade já era a 17ª do Estado em proporção de mortes por arma de fogo por 100 mil habitantes. A taxa era de 29,6. Até novembro deste ano, 153 pessoas haviam morrido de forma violenta na cidade, quase o total de 2016 (158), recorde no índice, que começou em 2003.
Segundo o delegado responsável pela área, Bruno Gilaberte, a maior parte dessas vítimas era ligada ao tráfico. Não há policiais entre elas, mas o número de pessoas mortas pela polícia explodiu neste ano: 26 até novembro (entre 2010 e 2015, o número variou de zero a 15). Sendo assim, os principais afetados são os moradores de favelas, que hoje representam 34% da população da cidade.
Neste ano, ao menos dois estrangeiros foram feridos por balas ao entrar por engano em favelas. Para Gilaberte, são casos pontuais.
Gilaberte afirma que o au- mento da violência tem três causas: maior poder bélico do tráfico, expansão das facções e falta de oportunidades de trabalho.