Agora

Odebrecht negocia mais 30 acordos em São Paulo

Empresa afirma que vai entregar provas sobre subornos no Metrô, na Dersa e na prefeitura paulistana

- (FSP)

Após passar nove meses discutindo o que resultou no maior acordo da Operação Lava Jato, os advogados da Odebrecht vão ter de enfrentar mais negociaçõe­s.

Só em São Paulo a empresa precisará fazer 30 acordos para se livrar de processos por ter subornado políticos e agentes públicos para obter contratos do Metrô, Dersa e a Prefeitura de São Paulo, entre outros.

Isso ocorre porque promotores do Ministério Público de São Paulo se recusaram a endossar o acordo de leniência (uma espécie de delação premiada para empresas) que a Odebrecht assinou com a força-tarefa da Lava Jato.

Sem endossar esse acordo, os promotores ficariam sem acesso às provas apresentad­as. A solução foi fazer acordos para cada um dos temas que era investigad­o pelos promotores e sobre os quais a empresa havia revelado ilegalidad­es na Lava Jato.

Os promotores de São Paulo avaliam que o acordo da Odebrecht contém ilegalidad­es, como a falta de adesão da CGU (Controlado­ria-Geral da União) e da AGU (Advocacia-Geral da União), prevista em lei. A empresa está negociando com esses órgãos.

O temor dos promotores era de que todo o material que eles recebessem da Lava Jato fosse considerad­o prova ilícita por conta desses buracos no acordo.

Como a Odebrecht aceitou a proposta de discutir novos acordos em São Paulo e entregar as provas que apresentou aos procurador­es da Operação Lava Jato em Curitiba, o risco de tudo acabar em nulidade não existe mais para os promotores.

Cifras

Devido ao risco de prescrição, o primeiro desses acordos foi assinado no fim de dezembro. Nele, a Odebrecht diz ter pago R$ 21,2 milhões ao ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), via caixa dois, entre 2008 e 2014. ele nega ter recebido valores ilícitos.

Para não ser processada por improbidad­e, a Odebrecht aceitou pagar uma multa de R$ 35 milhões para encerrar quatro investigaç­ões. Os promotores querem que Kassab, atualmente ministro de Ciência e Tecnologia, devolva R$ 85 milhões.

A Odebrecht diz que o dinheiro dos R$ 8,5 bilhões que a empresa acertou no acordo fechado com procurador­es da Lava Jato e homologado posteriorm­ente pelo juiz Sergio Moro.

Os acordos envolvem o pagamento de suborno em obras como do Rodoanel, as linhas 2-verde, 5-lilás e 6laranja do Metrô, o estádio do Corinthian­s e contribuiç­ões via caixa dois às campanhas de políticos como o senador José Serra (PSDB-SP), o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o ex-deputado Gabriel Chalita (PDT-SP).

Todos os políticos citados dizem que nunca receberam recursos ilegais da Odebrecht. Já a empresa, por meio de nota, afirma que continuará a colaborar com a Justiça.

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