A volta dos zumbis
Começa hoje a volta dos mortos-vivos. É o retorno dos Estaduais. Demorei muito tempo para aceitar que eles acabaram. Sempre fui um entusiasta dos regionais. Porém, estão mais mortos do que vivos. Graças à atuação de cartolas e dirigentes, os clubes do interior empobreceram e minguaram. Gradualmente, os Estaduais perderam espaço para o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores.
O Paulistão, antes cobiçado pelos clubes, hoje é o Paulistinha. Atrai pouco interesse do público. É encarado apenas como uma pré-temporada pelos times grandes. Os Estaduais, na verdade, só sobrevivem porque são parte da estrutura que sustenta federações, CBF e seus cartolas. O dinheiro arrecadado na venda dos direitos de TV e comercialização de publicidade financiam estas entidades.
Desportivamente, esses campeonatos não têm mais sentido. São fracos e díspares. Os grandes mantêm uma relação promíscua com as federações e participam em troca de gordos cachês. Os pequenos montam equipes de aluguel até maio, capengam pelo resto do ano, e centenas de atletas ficam desempregados.
Acredito que passou da hora de termos um campeonato nacional disputado ao longo do ano. Todas as suas divisões jogando de janeiro a novembro, com as séries menores regionalizadas. O negócio é simples: Nacional nos fins de semana e os jogos das copas (Brasil, Sul-Americana e Libertadores) no meio da semana. Respeitando as datas-Fifa, como em todo lugar sério. Ainda há o bom exemplo do Campeonato Inglês, que ajuda a manter as divisões inferiores.
Um Nacional anual nas divisões inferiores seria mais saudável ao clubes pequenos do que os Estaduais zumbis. Eles podem ficar mais vivos do que mortos.