Greve torta
Tudo bem que os funcionários do Metrô sejam contra o que chamam de “privatização”. Todo mundo tem direito a uma opinião.
O galho é que os metroviários não se limitam a ter opiniões, eles também acham que podem impô-las aos outros pela força. No caso, fazendo greve como a desta quintafeira (18).
O que têm a ver com a posição política do sindicato os milhões de pessoas que enfrentaram dificuldades para chegar ao trabalho ou às suas casas por falta de condução? Nada.
Para os líderes da categoria, todo mundo que depende de transporte público não passa de massa de manobra.
E olhe que nem se trata de privatização. O que o governo do Estado tenta fazer é uma concessão: entregar por 20 anos a operação das problemáticas linhas 5 e 17 para empresários que se interessem pelo negócio.
As obras das duas linhas estão devagar, quase parando. Se entrar grana do setor privado para aumentar a malha do metrô, hoje ridiculamente pequena para o tamanho de São Paulo, tanto melhor.
Os usuários do metrô não são tontos. Todo mundo viu que a única linha a funcionar sem problemas durante a paralisação foi a 4, não por acaso aquela que já foi concedida para empresas.
Se as linhas 5 e 17 passarem para particulares e as obras andarem, quem anda de trem vai aplaudir. Os metroviários vão ficar falando sozinhos.
É verdade que firmas privadas, quando pegam negócios que antes ficavam nas mãos do governo, muitas vezes demitem funcionários. Aí sim é hora de o sindicato entrar na parada e negociar.
Fazer greve a torto e a direito só prejudica o pobre do cidadão que mora longe.