Temer diz não ter autorizado Loures a falar em seu nome
Em resposta à PF, presidente negou irregularidades no decreto que ampliou contratos em portos
O presidente Michel Temer negou à Polícia Federal ter participado de irregularidade na edição de um decreto que beneficiou empresas do setor portuário e disse que não autorizou seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures a usar seu nome para receber dinheiro ou negociar com empresários.
Temer entregou ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) respostas às 50 perguntas feitas pela PF sobre supostas ilegalidades na edição de um decreto —em maio do ano passado— que ampliou o período dos contratos de concessão na área de portos.
O presidente disse que não acompanhou a tramitação do decreto, não teve influência sobre o processo e que também não determinou que Loures o fizesse.
No entanto, o presidente afirmou não ter conhecimento sobre a possibilidade de outra pessoa ter pedido a seu ex-assessor que acompanhasse o caso.
“Não solicitei que o sr. Rodrigo Rocha Loures acompanhasse o referido decreto e não lhe dei nenhuma orientação a respeito”, afirmou Temer em uma das respostas.
Temer é suspeito de ter cometido os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, segundo o ex-procuradorgeral da República Rodrigo Janot, que pediu abertura de inquérito contra ele.
A investigação, autorizada pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, teve como base documentos apreendidos na Operação Patmos e interceptações telefônicas de Loures. Em uma das ligações, Temer foi gravado dando informações ao ex-assessor sobre o decreto dos portos.
Após a conversa, Loures repassou as informações a um interessado da edição da lei: Ricardo Conrado Mesquita, diretor do Grupo Rodrimar, que Temer disse não conhecer. Na ligação, o executivo festejou a notícia e disse que o deputado afastado seria “o pai da criança”. Algumas das respostas de Michel Temer às 50 perguntas entregues ao Supremo Tribunal Federal sobre supostas ilegalidades na edição do decreto que ampliou o período dos contratos de concessão na área de portos
4Nunca recebi doações de empresas do Grupo Rodrimar ou de seus sócios para as minhas campanhas eleitorais O Sr. Rodrigo [Rocha Loures, ex-assessor] nunca atuou como arrecadador de recursos em minhas campanhas eleitorais