Regionais criam polêmica ao abrir Facebook para queixas
Aproximação com o cidadão é positiva, mas reclamação pode furar fila do 156, afirmam especialistas
Prefeitos regionais têm usado suas redes sociais, como Facebook e WhatsApp, para receber e resolver pedidos de zeladoria urbana.
Poda de árvore, limpeza urbana e tapa-buraco são alguns serviços que cidadãos exigem dos regionais pela internet. Parte para escapar da burocracia do canal oficial de atendimento, o 156 (por telefone e ou pela internet), que pode levar meses para resolver o problema.
Se por um lado a prática aproxima cidadãos da gestão pública e abre novo espaço para queixas, por outro pode cortar a fila dos canais oficiais de reclamação e até ferir princípios que norteiam a administração pública, de acordo com especialistas (leia mais no texto abaixo).
Em Pinheiros (zona oeste), Paulo Mathias tem mais de 70 mil seguidores no Facebook e recebe 200 mensagens diárias no WhatsApp. “Em 70% a 80% dos casos, respondo por áudio, para a pessoa ter a certeza e a ga- rantia de que sou eu que estou respondendo”, afirma.
“A gestão pública tem que criar uma proximidade com o cidadão cada vez maior”, diz Mathias. “O 156 é um sistema, não um canal de comunicação. Ele mede a quantidade de serviço, mas não significa que ele se relaciona com seu público, que é o morador”, afirma.
Outro entusiasta das redes é Eduardo Odloak, da Sé (região central). Ele diz que é uma boa oportunidade para divulgar o trabalho e tratar questões emergenciais, não para substituir o 156. “Se todo mundo que tiver acesso às redes sociais furar a fila do 156, acaba sendo injusto.”
Tanto Odloak quanto Mathias usam também as páginas pessoais para promover serviços da administração e atacar adversários políticos, principalmente o ex-presidente Lula e o PT.
Mudança
O prefeito regional da Vila Prudente (zona leste), Guilherme Brito, diz que também recebe pedidos da população por WhatsApp e Instagram. “Já tinha trabalhado em prefeitura regional no governo [José] Serra e hoje é outro mundo com toda essa tecnologia. Secretário e prefeito falam com a gente o tempo inteiro”, afirma Brito.