Maioria dos venezuelanos até 5 anos está desnutrida
Relatório de direitos humanos cita fome e a falta de cuidados médicos, além de pedir ajuda do Brasil
Sete em cada dez crianças venezuelanas com até cinco anos de idade estão desnutridas, e 15% deste contingente apresenta quadro agudo de desnutrição, apontam dados de quatro Estados do país obtidos pela CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), que foram divulgados ontem.
A comissão, sediada em Washington, nos Estados Unidos, é um órgão autônomo criado pela OEA (Organização dos Estados Americanos) para promover e proteger os direitos humanos no continente e conta com sete membros independentes.
Em um relatório de mais de 200 páginas, a CIDH destaca que a situação da Venezuela é “alarmante e gravíssima” e, além de fazer recomendações ao país, pede a
gsolidariedade internacional —em especial de países como o Brasil, que recebe venezuelanos fugidos da crise econômica, política e social.
Até a conclusão desta edição, Caracas não se manifestou sobre o documento.
Os dados sobre desnutrição são alguns dos mais dramáticos do relatório da CIDH.
A comissão foi barrada pelo regime de Nicolás Maduro e não visitou o país para produzir o documento. As informações foram colhidas por organizações não governamentais, opositores e orga- nismos internacionais.
Segundo o texto, 80% dos venezuelanos afirmaram ter perdido peso involuntariamente em 2016: 8,7 kg em média, segundo uma pesquisa conduzida por universidades do país. Escolas não têm merenda suficiente, e populações indígenas passam até dois meses à base de manga. A escassez persiste nos postos de saúde e hospitais, sem medicamentos.
Mulheres passam até 14 horas por semana em filas para obter farinha e arroz, segundo o estudo.