Barulho de blocos atrapalha pacientes
Anunciada como solução para evitar tumulto em bairros residenciais, a decisão da gestão João Doria (PSDB) de transferir blocos de Carnaval para a avenida 23 de Maio levou transtornos a moradores e a pacientes internados em hospitais a Aclimação, Bela Vista e Paraíso.
O entorno da avenida tem ao menos seis centros médicos. Com janelas voltadas para a 23 de Maio, o Beneficência Portuguesa foi um dos mais afetados. “As crianças choravam, ficavam irritadas. E o vidro até tremia”, contou a administradora Manu Ferreira Lopes, 26 anos, mãe de uma bebê de dois meses internada. No domingo, a criança se recuperava de duas paradas cardíacas sofridas no dia anterior.
Com filho na mesma ala, a dona de casa Suellen Padi- lha, 31 anos, disse que o barulho era tanto que o garoto chegou a abrir os olhos mesmo sedado.
A situação gerou problemas em outro hospital da região, o Santa Joana, no Paraíso. Com um bebê interna- do na UTI, a atendente Ana Paula Mantovani, 36 anos, e o técnico Rodrigo Mantovani, 34, queriam passar o dia com o filho ontem, mas decidiram sair mais cedo para evitar confusão. No domingo, eles tiveram dificuldades para chegar no local.
A técnica em farmácia do Hospital do Servidor Público Municipal Elizabeth Campos, 56 anos, contou que desistiu de voltar para casa e passou a noite no trabalho.
Parte dos moradores da região também relatou incômodo com ao barulho. Na Bela Vista, a síndica Raquel Nicastro teve que ir à polícia após foliões quebrarem um vidro de proteção do prédio.
Procurada, a prefeitura afirmou que o Carnaval da 23 de Maio “foi um sucesso de público e organização” e que “outros aspectos” serão avaliados. Segundo a gestão Doria, o evento foi debatido com associações de moradores e a Promotoria.