Protesto
A Mangueira usou o samba-enredo “Com Dinheiro ou Sem Dinheiro Eu Brinco”, ontem, para fazer uma crítica ferrenha ao prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB). Com um desfile tecnicamente perfeito, sagrou-se uma das favoritas ao título da elite do Carnaval carioca.
Neste ano, Crivella reduziu a verba para as escolas de R$ 2 milhões para R$ 1 milhão. Agremiações chegaram a ameaçar cancelar a festa.
Sem pirotecnia, com materiais baratos (como chita e piaçava), a verde e rosa usou fantasias simples, resgatando as origens do Carnaval.
No final do desfile, a escola bateu de frente com o prefeito. Crivella foi citado nominalmente e representado como um boneco de Judas, para ser malhado. Abaixo do boneco, a frase “Prefeito, pecado é não brincar o Carnaval!” decorava um tripé atrás do penúltimo carro.
No carro, um dos momentos mais políticos da história do Carnaval carioca —o Cristo mendigo censurado de Joãosinho Trinta na Beija-Flor em 1989— foi transformado em crítica, com a frase “Olhai por nós! O prefeito não sabe o que faz”. Parte da plateia se juntou ao protesto e gritou “Fora, Crivella”.
Na alegoria havia integrantes de blocos da cidade, reforçando a crítica com a frase “Deixa o povo brincar”.
A Prefeitura do Rio lamentou o que chamou de “falta de respeito” e “ofensa gratuita” da escola. Disse que, apesar da crise, foram investidos quase R$ 80 milhões no Carnaval.