Motorista de funerária salva bebê declarada morta por 4 h
Caixão foi aberto no IML e funcionário viu recém-nascida mexer peito em Carapicuíba. Família culpa hospital
Uma recém-nascida prematura foi dada como morta por uma equipe médica do Hospital Alpha Med, em Carapicuíba (Grande São Paulo), mas o motorista do carro da funerária percebeu que a criança estava viva quatro horas depois. O caso ocorreu entre as 22h de segundafeira e as 2h de terça-feira.
O motorista, Cláudio da Silva Ferreira, 37 anos, conta que percebeu que a bebê estava viva quando o caixão foi aberto, no IML (Instituto Médico Legal) da cidade. “Vi que o peitinho estava mexendo e ela estava com a boquinha aberta. O legista viu e me mandou levá-la de volta correndo para o hospital”, afirmou o motorista.
A criança havia sido declarada morta no parto, segundo o oficial geral José Fran- cisco da Silva, 47 anos, pai da estudante Ana Caroline da Silva, 18 anos, mãe da criança. “Minha filha sentiu dores fortes na barriga e a levamos ao hospital, por volta das 17h da segunda-feira. Ela foi mal atendida desde o começo. Ninguém deu a devida atenção. Deram remédios e ela ficou deitada na sala de medicação até que começou a sentir contrações. Gritamos e vieram um médico e uma médica, e o parto foi feito ali mesmo, por volta das 21h50”, afirmou Silva.
Pano verde
Ana estava grávida de 25 semanas (6 meses e 1 semana). “Ninguém estava esperando o parto, faltavam mais três meses, ao menos. A médica levou a criança, toda roxa, para uma sala. Depois de vinte minutos, veio dizer que havia nascido sem vida.”
“Logo me deram um documento para ir à delegacia e registrar a morte. Fiz isso, voltei ao hospital, pus minha neta no caixão, enroladinha em um pano verde, a funerária fechou a tampa. Fui pra casa dormir, arrasado, minha filha ficou em observação. Às 4h da terça ligaram do hospital e disseram que a bebê estava viva”, diz Silva.
A bebê está em estado grave na UTI neonatal do Hospital Sino-Brasileiro, em Osasco (Grande SP). “Ela nasceu com 720 g e vai se chamar Manuela Vitória, por ter sobrevivido”, disse o pai, o estudante Leonardo Ferreira, 19 anos. A família pretende processar o Alpha Med e fez um boletim de ocorrência.